quinta-feira, dezembro 03, 2009

Mais, sobre o Piet Hein

Comentou a poeta brasileira Belle Neves, na minha postagem anterior:

Gostei dos versos (das rimas que fizeste) embora questione algumas palavras e sentidos - o que não cabe aqui. Tenho para mim que alguns versos não devem ser discutidos ou mesmo entendidos... lemos, aceitamos eles de acordo com o que sentimos... gostamos ou não.”

Bom, não sei, eu sempre tento encontrar um sentido nos poemas. O que acho é que o poeta tem uma visão particular das coisas que custa, por vezes, a entender, exige algum esforço… Por vezes, significará uma visão avançada, quiçá genial, que teremos todo o interesse em compreender. Mas por vezes poderá ser pedantismo do poeta, quando não pura e simplesmente crise de criatividade, oportunismo ou puro vedetismo… O PIet Hein refere precisamente esta questão neste poema que vem mesmo a propósito:


IF YOU KNOW WHAT I MEAN

A poet should be of the
old-fashioned meaningless brand:
obscure, esoteric, symbolic, --
the critics demand it;
so if there's a poem of mine
that you do understand
I'll gladly explain what it means
till you don't understand it.

NÃO SEI SE ‘TÁS A VER…

Um poeta deve ser do tipo antigo,
Obscuro, esotérico, simbólico, sem sentido:
Portanto quando um poema meu vejas
Que julgues compreender
Eu explico-to com todo o prazer
Até que nada dele percebas.

Parece então que o nosso poeta também era a favor da compreensão dos poemas. Aliás, muitos dos seus “grooks” foram escritos durante a ocupação alemã da Dinamarca, na II Guerra Mundial e destinavam-se a incentivar a consciência patriótica dos dinamarqueses e contribuir para a luta de libertação. Esses “grooks” eram então escritos duma maneira algo dissimulada, que custava aos alemães entender, mas que os dinamarqueses bem COMPREENDIAM. Veja-se, como exemplo, este:

CONSOLATION GROOK

Losing one glove
Is certainly painful
But nothing
Compared to the pain
Of losing one
Throwing away the other
And finding
The first one again


GROOK DE CONSOLAÇÃO

Perder uma luva, dói
Mas coisa ainda mais sofrida
É deitar a outra fora e depois
Achar a que andava perdida…!

Como se poderá interpretar este poema? Ele é MESMO para ser compreendido! Aqui o poeta queria alertar aqueles dinamarqueses que, perdida a independência do seu país e considerando a situação irreversível, colaboravam com o ocupante: Na verdade, a independência perdida poderia ser recuperada e então os traidores sofreriam amargamente…!

… Faz-me lembrar certos “Revolucionários” em Portugal da altura do 25 de Abril de 1974, que, extinta a revolução ainda em criança, se viraram para a classe dominante e a têm servido com despudor, e muito proveito.
Vejamos como vai ser, quando o povo português achar a sua “luva” perdida…

Entretanto, aqui vão mais uns poemas e as minhas respectivas traduções. Pergunto: Como poderia traduzir bem estes poemas se os não compreendesse?

GROOK ON LONG-WINDED AUTHORS

Long-winded writers I abhor,
and glib, prolific chatters;
give me the ones who tear and gaw
their hair and pens to tatters:
who find their writing such a chore
they only write what matters.

POEMA SOBRE OS ESCRITORES DE GRANDE FÔLEGO

Loquazes e prolíficos palradores
E escritores de fôlego, detesto-os;
Dêem-me os sofredores
Que arrepanham os cabelos, as plumas em farrapos
Para quem escrever é tão extenuante
Que só escrevam sobre o que é importante

Mais outro:

MORE HASTE --
Inscription for a monument at the crossroads.

Here lies, extinguished in his prime,
a victim of modernity:
but yesterday he hadn't the time --
and now he has eternity.


MAIS DEPRESSA –
Inscrição para um monumento num cruzamento


Morto na flor da idade, aqui jaz,
Uma vítima da modernidade:
Ontem, o seu tempo era fugaz
E agora é a eternidade


Interessante, onde nos levou o comentário da Belle Neves, né? Esperemos que a Belle avance com mais criticas e opiniões e que isto suscite ainda mais comentários!

terça-feira, novembro 24, 2009

Sobre Piet Hein e seus Grooks

Hoje, para desanuviar das elucubrações anteriores, vou para o Álvaro que está a escrever um novo texto para o seu blogue. Vou dar-lhes a conhecer um poeta que descobri há uns 30 anos atrás, num livrinho comprado num alfarrabista:


Piet Hein

Talvez agora já tenham ouvido falar nele, é um dos milagres da NET, tornar a informação ínfima acessível à multidão máxima!
Mas ainda assim, a maioria dos portugueses desconhece este poeta dinamarquês. Não vou falar sobre o poeta, uma vez que podem facilmente pesquisar sobre ele no Google - vejam o link que coloco no fim deste texto.
Agora vou apenas colocar aqui alguns dos seus poemas, que traduzi para português. Procurei manter o sentido essencial de cada um, e fiz a tradução também com rima, o que, como compreendem, não é fácil. Por isso, coloco, a par, a versão inglesa, para que, quem sabe mais inglês e português que eu, se possa abalançar a corrigir as minhas traduções e a fazer melhor. Estejam à vontade para criticar...
Cá vão, então:

Man is just the missing link*,
Fondly thinking that he can think!

O homem não passa do elo perdido*
Julgando que pensa, muito convencido!

*Pesquisem na NET, também, o que é o célebre “Elo Perdido”;

Outro:

A TOAST

The soul may be a mere pretence,
the mind makes very little sense.
So let us value the appeal
of that which we can taste and feel.


UM BRINDE

A alma pode ser mera ilusão
A mente, tão sem razão
Vamos então dar ouvidos
Ao que dizem os sentidos

E outro:

ATOMYRIADES

Nature, it seems, is the popular name
for milliards and milliards and milliards
of particles playing their infinite game
of billiards and billiards and billiards.


ATOMIRÍADES

A Natureza, parece, é o nome que dá a gente
A milhares e milhares e milhares
De partículas jogando infinitamente
Bilhares e bilhares e bilhares...

Mais outro:

WHAT PEOPLE MAY THINK

Some people cower and wince and shrink,
owing to fear of what people may think.
There is one answer to worries like these:
people may think what the devil they please.

Pelo que os outros possam pensar,
Há quem se acobarde, hesite, se encolha...!
Só há um remédio p'ra disto sair:
As pessoas que pensem o que lhes der na bolha!

O Piet Hein também não fugia ao tema do sexo. Vejam estas:

DREAM INTERPRETATION
Simplified.


Everything's either concave or -vex,
so whatever you dream
will be something with sex.

A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS - Simplificada:

Tudo o que existe ou é côncavo ou é convexo
Portanto, o q quer q sonhes
Tem sempre a ver com sexo!

Outro – este vem acompanhado dum desenho do autor (vejam o desenho dele seguindo o "link" lá em baixo), mas que, aqui, substituo por outro, lá em cima, da minha autoria:

THE LITTLE MERMAID'S LITTLE SISTER*

The Little Mermaid's Little Sister was also partly girl and cod

though in a way which those who kissed her found odd....
but which, well worth to mention,
though at first sight absurd,I, with my fond intention,
preferred.

A IRMÃ DA SEREIZINHA*

A irmã da sereiazinha também era, parte peixe, parte menina
Embora duma maneira que quem a beijava, Estranhava…
Mas, embora, à primeira vista, eu ache que repelia,
Uma parte de mim, confesso,
Preferia...

*Pesquisem também no Google imagens, ”A Sereiazinha”. E, para começarem a pesquisar sobre o Piet e sobre os seus "Grooks", podem entrar por aqui:

http://ias.au.dk/fileadmin/internationalstaff.au.dk/UIC/Presentations/Piet_Hein_engelsk_redigeret.pdf

sábado, outubro 24, 2009

...E Ainda Mais Elucubrações!!!

Retomando as elucubrações anteriores, vou responder a alguns comentários, expressos neste tema, do meu blog e não só.

A Alexandra primeiro: A teoria que apresento, pressupõe, precisamente, que todos os acontecimentos são dependentes! Na verdade, não há acontecimentos independentes. A independência dos acontecimentos é uma abstracção e simplificação que fazemos dos fenómenos, por uma questão prática.
Por exemplo:
Em lanço um dado e a seguir, lanço uma moeda ao ar. Pergunta-se: a probabilidade de sair cara tem alguma coisa a ver com o resultado do dado que lancei anteriormente? Claro que não, os dois acontecimentos são independentes…!
…Mas… Serão mesmo?

Se examinarmos todos os ínfimos factores que interferem com ambas as jogadas, incluindo deslocação do vento, características físicas do dado e da moeda, todos os movimentos de lançamento da moeda e do dado, teríamos que concluir que esses milhares de micro sub-eventos determinaram o resultado!
As equações que apresento, portanto, expressam o modo de calcular acontecimentos dependentes, pois tudo está dependente de tudo!

Sobre o conceito de “igual”, é muito simples, a “Alexandra” repete-se infinitamente no Kosmos infinito no tempo e no espaço - e a identificação de qualquer repetição é confirmada por qualquer análise que um ser humano possa fazer, ainda que munido de instrumentos de grande alcance e rigor, como, por exemplo, microscópios, espectrómetros, TAC, etc.
E, para além da Alexandra, há todas as suas variantes que se possa imaginar – aliás, nós estamos sempre a variar, a nossa pressão arterial e demais parâmetros vitais nunca permanecem constantes.
Até existe uma Alexandra, igualzinha fisicamente à minha amiga, mas que, ao contrário dela, diz que não “sou de falas, de ver caras, de adivinhar sentimentos e emoções contidas nelas e nas palavras proferidas”, pois prefere “inventar as entoações pretendidas nos textos escritos”, em oposição ao modo como a Alexandra se descreve no seu comentário colocado nas minhas “elucubrações”!

Um dia destes, volto à carga…

sábado, outubro 10, 2009

Ainda mais elucubrações…

Pois então, assente o que elucubrei (!) No texto anterior, há que tirar consequências: Se tudo o que é circunstancial se repete uma infinidade de vezes (e, porque não, com uma infinidade de variantes próximas), poderei dizer que existe um Álvaro (igual a mim) que ganhou um Euro milhões, outro, que ganhou um Totobola, outro que é campeão de golfe…
Ou seja, todas as possibilidades e suas combinações existem de facto algures no tempo e no espaço infinitos. Voltando acima, e não é que aquelas hipóteses me interessem muito, mas escolho, por exemplo um Álvaro que viaja pela Índia, coisa que eu, agora, gostava de facto, de fazer. Esse Álvaro igual a mim (diferente, porque vai à Índia, só nisso) de certeza que existe. Interessa-me, como posso ser ele?
Os filósofos, como o Ken Wilber, que têm “trabalhado” na ponte entre a Ciência e a Espiritualidade, entre o Materialismo e o Misticismo, negam que alguém possa construir a sua própria realidade, o que se revela uma barreira que essa “ponte” ainda não pode transpor. Porquê?
Será que essa ponte segue por um caminho errado? E que tal seguirmos o caminho das minhas elucubrações, em que a realidade não se constrói, porque JÁ ESTÁ TODA CONSTRUÍDA, apenas precisamos de saber saltar para a realidade mais favorável que o nosso espírito permite gerir?
Fiquem a meditar nisto e digam qualquer coisa, eu estou tão baralhado quanto vocês…

terça-feira, setembro 29, 2009

De Volta Àquela Elucubração

A minha amiga Aldina quer organizar os meus temas, acha-me disperso...!
Claro, uma engenheira tinha que pensar assim! Benditos engenheiros, que fazem tantas coisas boas para nos facilitar a vida - até dão estrutura às casas malucas que os arquitectos projectam...

Mas, como já expliquei, isto é um diário MEU, feito à minha, talvez dispersa e enviesada, maneira de pensar. Na verdade, onde a Aldina vê dispersão, eu vejo ligações que é preciso reforçar. Para mim, os temas são todos conexos... Deixo-lhes o exercício de procurarem essas ligações, se eu as encontro, vocês também as encontram, se procurarem. Garanto-lhes que elas estão lá!

Bom, agora, vou voltar a uma das "REFLEXÕES" anteriores e apresentá-la com nova reformulação, talvez mais "à engenheiro". Se tiverem paciência para ler com atenção, enfim, dispostos a partir um pouco de pedra até, avancem. Talvez até eu acabe para colocar aqui mais uns bonequinhos para os outros se entreterem a ler em diagonal, mas por hoje, colo apenas o texto, puro e duro. Aqui vai:


Tudo o que existe no mundo real é circunstancial; Cada fenómeno depende de um conjunto de circunstâncias identificáveis e não identificáveis.
O número de circunstâncias identificáveis, isto é, de que os seres humanos se podem aperceber detectando-as e caracterizando-as (ainda que munidos de instrumentos especiais de análise), é geralmente muito grande, enorme, mas em número finito;
A probabilidade (Pf) de ocorrência de cada fenómeno calcula-se multiplicando a probabilidade de ocorrência de cada circunstância que o determina, A fórmula será esta:

Pf = P1 x P2 x P4 x … x Pn

e como cada probabilidade é sempre um número menor que a unidade, o seu produto resulta num número muitíssimo pequeno…
No entanto, se entendemos o mundo real como infinito, no tempo e no espaço, e estando continuamente a gerar conjuntos de circunstâncias, a probabilidade (P) de repetição da ocorrência de cada fenómeno é calculada adicionando, em cada uma dessas "jogadas", a probabilidade do mesmo conjunto de circunstâncias e subtraindo o respectivo produto. Assim:

P = (P1 + P2 + P3 + P4 + … +Pn) – P1 x P2 x P3 x P4 x … x Pn

O primeiro factor do cálculo vai sempre crescendo com o número de "jogadas", tendendo para 1, e o segundo factor, a subtrair do primeiro, diminui com o número de repetições, tendendo para zero. Ou seja, a fórmula, quando as repetições tendem para infinito, tende para 1.
Ora, no cálculo de probabilidades, o valor 1 representa a certeza e o zero, a impossibilidade. Portanto, concluímos, pela análise da tendência daquela fórmula num número infinito de repetições, que um fenómeno do mundo real, infinito no tempo e no espaço, repete-se uma infinidade de vezes, independentemente da sua complexidade!...

Já pensou então que no universo real existe uma infinidade de pessoas iguais a você? E que nesse universo existe uma infinidade de pessoas parecidas consigo, ou seja, que se podem confundir com você, mudando apenas as roupas, ou a história de vida, ou o estado físico?

Então, afinal, quem é você? Já pensou que a pessoa que iniciou a leitura deste pequeno texto já não é igual à que você é neste momento, pois nesse lapso de tempo mudaram as suas circunstâncias de vida, o seu estado físico?

domingo, agosto 09, 2009

Revisitações…


A seguir à publicação do artigo sobre o 25A, deu-me para revisitar aqueles locais. Publico a seguir as fotos que tirei, tentando colocar-me, o mais possível, no ponto de onde tirei as anteriores, há mais de 35 anos. Ora vejam…

Não sei se as fachadas actuais ficaram assim depois das obras de 1974, acho pouco provável, o pós-modernismo ainda só viria, em Portugal, pela mão do meu colega Taveira, uns 10 anos depois… Mas o estacionamento abafante de hoje tornaria impossível a foto de então - as calças boca-de-sino ficariam tapadas! 


Já a esquina do Chiado se manteve imperturbável, as únicas coisas que terão mudado seriam os livros, na vitrina da Sá da Costa e, claro, o estacionamento automóvel! 

Nesta foto, TUDO mudou, parecendo ter ficado na mesma: 80% dos edifícios visíveis na primeira foto arderam, os que agora se vêm são os reconstruídos segundo o projecto de Siza… Também o desenho da calçada desapareceu, ficando só o calcário branco. 


Esta é a foto mais intrigante… Reparem: uma bala faz ricochete na parede e lasca uma esquina da cantaria da pilastra no teatro da Trindade. De onde veio a bala?



Nos dias 25 e 26 de Abril de 1974, que eu me lembre, houve tiros: contra o quartel do Carmo, por parte das tropas do MFA; contra a multidão, por parte dos agentes da PIDE/DGS, a partir das suas instalações, na rua António Maria Cardoso. Ora, o ponto do impacto da bala, na fachada do teatro Trindade, está no enfiamento da rua Nova da Trindade e da rua António Maria Cardoso!

A bala só poderia ter vindo das instalações da PIDE/DGS! De facto, um tiro de intimidação disparado do telhado das instalações daquela polícia política, a cerca de 300 metros de distância, poderia bem, numa trajectória curva, entrar pela rua Nova da Trindade, quase no prolongamento da rua António Maria Cardoso… e fazer o tal ricochete…!



Teria piada, para a história do 25A, que um perito em balística pegasse nisto e aprofundasse mais a investigação…


quarta-feira, maio 13, 2009

Abaixo a Senilidade!

Retomo agora o tema da idade, lançado com o texto "A Velhice ao Poder!", com a distinção entre a idade em que se adquire uma determinada capacidade e a idade em que tal capacidade se encontrará totalmente concretizada. A partir daí, chego à conclusão que, quando a Humanidade tiver atingido a sanidade adequada (e se chegar até lá) o ser humano poderá viver até aos...147 anos!

Acrescento ainda umas imagens. Não têm nada a ver com o texto, servem apenas para orientar a leitura dos que me lêem em diagonal!

Hehehehehehehehehe...!!!

Abaixo a Senilidade!

Ainda voltando ao tema da idade do homem, meus amigos, estou muito contente! Afinal, poderia morrer uns bons 19 anos mais tarde do que referi no anterior “Velhice ao Poder!”!

Nesse texto, calculei, usando o princípio da dualidade e partindo do número 2 elevado às 7 potências a que correspondem as 7 capacidades do Homem (ver tradução do artigo da Carolyn Myss, neste blog), e achei a idade de 128 (dois, elevado a 7) anos como aquela em que o homem inicia a sua preparação para a morte.

Agora, na minha aprendizagem Ayurvédica, vejo que a evolução das pessoas se faz por ciclos de 7 anos. Então, seguindo os passos evolutivos enunciados no texto anterior, verifico que uma coisa é a idade em que se inicia a criação duma dada capacidade nova e a outra é a idade da sua completa realização. E aí, de facto, encontramos os múltiplos de 7 anos!

Por exemplo: aos 7 anos a criança adquiriu todas as condições básicas para sobreviver fisicamente. Mas só se poderá considerar um ser humano adulto passado o dobro do tempo, ou seja, aos 21 anos.
Se virmos a capacidade seguinte, a da reprodução, temos o seu início aos 14 (2 x 7), mas será preciso o dobro do tempo para que o ser se tenha realizado plenamente nesse campo, ou seja 14 + 2 x 14 = 42 anos. Nessa idade as pessoas já têm filhos autónomos ou quase, as mulheres estão próximas da menopausa…!
Aos 21, o homem começa a realizar-se como adulto, com todos os seus instrumentos mentais completos e aí, temos 21 + 21 x 2 = 63. A sua mente atingiu a plenitude da sua realização aos 63 anos!
O passo seguinte é a da realização espiritual. Filhos criados, entra-se no processo de sabedoria aos 49 anos, e usamos de novo a fórmula: 49 + 49 x 2 = 147!

Pois é, meus amigos, se aos 128 anos estaremos com a espiritualidade pronta, podemos contar com mais 19 anitos para a concretizar, libertando o puro espírito do corpo por volta dos 147 anos!

Meditem então sobre isto e perguntem-se que raio de vida estamos a levar para que a esperança de vida do ser humano se fique (em 2009) apenas pelos 74 – 81 anos, e que fazer para que acabe nessa coisa horrível que é, hoje, a senilidade???

quarta-feira, abril 22, 2009

FOGO EM ABRIL ANTES DO CHIADO

O"25 de Abril" - Grande Chachada!


Bom, para a próxima faz-se melhor, os barretes que enfiaram ao povo português estão gastos e agora é mais fácil tirar as devidas lições!

Coloco a seguir fotos que tirei nesse dia e no seguinte, e um pequeno texto que, anos mais tarde, resolvi escrever para as acompanhar, quando registei os direitos de autor.
Mas estejam à vontade para copiar, desde que sem fins comerciais. E agradeço que respeitem a autoria...

"Não é todos os dias que se pode sair à rua no decurso duma movimentação militar, muito menos na Lisboa de 1974, com caças a sobrevoar a cidade e mensagens estranhas na rádio

Vai daí, Canon pendurada ao pescoço, passo jardim de S. Pedro de Alcântara, largo de S. Roque, rua da Trindade


Tropa, e Guarda Republicana. Preparo a foto. Um G.N.R. Vê-me. Tiro, não tiro, o G.N.R. deve ter, no mesmo segundo, pensado o mesmo, mas teve medo – via-se-lhe no rosto! Eu também tive medo, mas disparei. Ele, não


Fogo, só se for de artifício, pois há uma excitação de festa no ar. Na verdade, ouvem-se umas rajadas, e a multidão, que se vai adensando, refugia-se nos portais. O quartel do Carmo ainda não fora tomado

Há tiros reais, um deles, quase mata um dos bustos que decora o teatro da Trindade, é bem visível na parede, a uns 3 metros de altura

Mas não há pânico, ou medo, as pessoas que correm a abrigar-se fogem da chuva, para não se molharem, ou abrigam-se para não lhes cair em cima a cana do foguete. É uma festa! Os militares exibem-se para o povo, fazem as suas poses com as G-3, as “Panhards

Mais para a Baixa, as ruas estão quase desertas. Um tanque guarda o cruzamento da rua Garrett com a rua do Carmo e a rua Nova do Almada, observado pelos velhos edifícios que outro fogo, uns bons anos mais tarde, haveria de consumir!…





segunda-feira, março 02, 2009

Onde Pôr o Terminal de Contentores?


A perspectiva de um "Muro" de chapa canelada a barrar-nos o Tejo é de facto uma coisa sem pés nem cabeça, parece que Lisboa congelou nos anos 50!

Na verdade, na localização do porto de contentores seguiu-se a do porto de carga geral, instalado nos inícios do séc. XX. E os pressupostos do aumento do porto de contentores são o de que o consumo vai continuar a aumentar. O que, agora, parece altamente duvidoso. É que, com as novas perspectivas económicas, o aumento do consumo revela-se claramente prejudicial para a própria Humanidade, o consumo terá que ser mais racional e melhor distribuído. E até se aconselha uma retirada sustentável, como diz o filósofo brasileiro Leonardo Boff:

"Querem, com razão, um desenvolvimento ecologicamente respeitoso da natureza, mas ainda no quadro do desenvolvimento. Ora, conhecemos a lógica voraz do desenvolvimento. Melhor, precisamos antes de uma retirada sustentável do que de um desenvolvimento sustentável. Seria o começo da realização do ecossocialismo".

Mas põe-se sempre a questão da saída do porto de contentores do local onde está ou, pelo menos, da sua redução substancial. E hoje, com tanta tecnologia de planeamento, sistemas de informação geográfica, mapas de satélite e tudo, uma alternativa melhor para fazer um porto de contentores pode e deve ser procurada.

Quando da elaboração do Plano Director de Lisboa, colocaram-se duas opções fundamentais: Lisboa vai-se expandir só ao Norte do Tejo, ou vai englobar o lado de lá (hoje, estes governantes diriam "o deserto"). A opção escolhida foi a de abarcar o lado de lá – Almada já era grande e haviam muitos terrenos óptimos para construção, nas planícies da Outra Banda… Com o desenvolvimento da ocupação humana da margem Sul poderemos então perguntar onde ficará o "Centro de Gravidade" da conurbação "Grande Lisboa"?

Se colarmos, num mapa da "Grande Lisboa", grãos de chumbo em quantidade proporcional às densidades populacionais de cada unidade de superfície (podemos depois experimentar com as densidades de armazenamento, de comércio, de indústria) e se suspendermos por um só fio numa parede esse "modelo" deixando-o livre, podemos traçar a linha do prolongamento do fio sobre a superfície do mapa. Repitamos a operação para outra posição e obtemos duas linhas que se vão cruzar num ponto que será o centro de gravidade desse modelo material.

Simplificadamente, podemos dizer que as mercadorias colocadas nesse ponto estariam na localização óptima para efeitos de sua distribuição pelas habitações, fábricas e armazéns (tenham-se em conta as monstruosas áreas logísticas de Carregado-Azambuja). Com toda a probabilidade, esse ponto ficará algures entre Santa Apolónia e Terreiro do Paço, se não ficar mesmo no meio do Tejo. Então… Porque não colocar o porto de contentores…

No Meio do Mar da Palha?

Seria relativamente fácil fazer uma ilha artificial a uma certa distância frente do Seixal, deixando canais para passagem de barcos de menor calado. A altura média das águas no Mar da Palha anda pelos 4 metros, o que facilitaria a construção da ilha. Na parte mais afastada de terra poderá ser mais funda, mas sempre se teria que se dragar o fundo, uma vez que o calado dos navios porta-contentores andará pelos 12 metros. Mas esse problema deixo-o para a engenharia resolver…

A ilha serviria de encontro da nova ponte e daí partiriam pontes para Cova da Piedade, Laranjeiro, Seixal, Barreiro e Montijo, para além duma via distribuição interna na Ilha e duma via rodo-ferroviária para o porto de contentores e para Sul. Essa rede viária seria enquadrada paisagisticamente por zonas verdes que atenuariam o ruído do tráfego e amenizariam os terrenos sobrantes onde haveria espaço para estação de tratamento de águas e lixos, depósitos, serviços e armazenamento de apoio ao porto

Não esqueçamos que uma localização óptima em termos de centralidade valoriza imenso o espaço e, não fora o facto de se situar na água, este poderia tornar-se numa zona urbana de alta densidade. Assim, construída, a ilha seria extremamente valorizada e, no futuro, é provável que se chegue a implantar aqui construção de alta densidade - quem sabe se uma torre biónica)?
(ver em http://www.torrebionica.com/bvs-english/bvs-english.htm sobre torre biónica)

Mas, para já e tirando alta futurologia, toda essa parte da margem Sul passaria a ter uma rede de ligações que acabaria com o caos viário que existe nesse arco urbano entre Cacilhas e Barreiro e a distribuição das mercadorias por toda a grande Lisboa e para a Região Centro e Sul ficaria muito mais fácil. Na ilha poderiam implantar-se até actividades turísticas e desportivas com piscinas, ginásios, SPAs, hotéis, marina, etc.; o porto para contentores (mesmo admitindo que o consumo se continuaria a expandir) teria espaço de armazenamento que chegaria para os próximos 100 anos e aqueles paralelepípedos metálicos, à distância, arranjadinhos pelos paisagistas até formariam conjuntos interessantes. E há ainda muito plano de água a Norte da Ponte Vasco da Gama…

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Materialismo Dialéctico, Materialismo Histórico


Esta é mais uma de política.

O link aqui ao lado para “Materialismo Dialéctico” já há muito que lá está, algumas referências nos meus textos chamam a atenção para ele, mas agora o seu estudo tornou-se obrigatória para quem quer entender o que se passa hoje, em Portugal e no mundo. E nunca aqui a sua compreensão esteve tão fácil, dado que os acontecimentos fornecem exemplos vivos do que aí se descreve, uma vez caídas as ilusões que velavam certas ideias feitas sobre a economia liberal.
Na verdade, tirando alguns aspectos datados relativos à época da revolução russa e aos anos que a antecederam e que se lhe seguiram, facilmente identificáveis, esta obra continua actual e essencial para se perceber a sociedade de hoje e a nossa economia.
Então, vejam o que, a propósito do regabofe do TGV, estádios de futebol megalómanos e outras obras sumptuárias dos nossos governos, me escreveu uma amiga, revoltada e “envergonhada” e vejam depois a minha resposta. Quem passa o tempo a mandar-me coisas superficiais contra o Sócrates (*), que, confesso, já me começam a enjoar, arranje tempo para entrar no site e abrir cada página para ser impressa, bem lida e estudada…
Vejam então o que escreveu a “Formiguinha”:

“Assunto p. reflectir.
Neste país sem vergonha, sinto-me envergonhada e devo pertencer a uma minoria...mínima.
A um país de guerreiros, gente valente e aventureiros, a população actual deve descender apenas do ultimo grupo.
Coro de vergonha, sempre que ligo à comunicação social. Comunicação, que representa o vulcão de lama em que se transformou este país.
O Santana caiu por menos.
Os outros dois anteriores fugiram... antes que a lama rebentasse, porém ela tão gordurosa, peganhenta, mal cheirosa, teimosa, desbordou e já não é possível esconder. A geração actual está a crescer nestes valores...
Trafulhices, falta de vergonha, enriquecer a qualquer preço, ser conhecido pelas capas de revista indecorosas e ser "importante" pelas baboseiras publicadas nos jornais. Estou farta desta pouca vergonha.
Já não tenho 30 anos, nem voz, para gritar que o rei vai nu.
Mas tenho netos, para quem olho envergonhada, quando falo de ética, honestidade, princípios, futuro, e me perguntam: - para quê avó?
Ah! D. João I, nunca deverias ter existido!
E o povo continua narcotizado!
Conhecem por acaso um homem honesto que possa tomar conta do leme deste barco roto? E principalmente de mais meia dúzia que o ajudassem a governar e remar até porto seguro?
Eu não conheço, mas será bom que comecem a procurar.
O tempo urge se ainda formos a tempo! Hoje, 31 de Janeiro é data para avançar!
Formiguinha cansada e envergonhada”

…E a minha resposta:

Formiguinha,

Não te envergonhes, não é nada contigo. Pelo menos em termos morais!
Socialmente, pertencemos à classe da pequena (eu) ou eventualmente média (tu) burguesia. Esta classe, em tempos de vacas gordas, alarga-se, expande-se e deixa-se embalar por estes governos que sempre deixam escorrer algo para nos sentirmos confortáveis.
Quando as coisas começam a apertar, no entanto, os mais sérios e conscientes de nós começam a ter um certo desconforto, uma vergonha.
Mas não encaram ainda a política duma maneira suficientemente séria e profunda para entrarem em revolta.
Numa fase posterior, terão medo. Mais tarde, carências.
Aí, procurarão uma saída. Para isso, têm que encarar a política duma forma séria. Se não o fizeram já, terão que o fazer antes que seja tarde.
Porque por enquanto, ainda estão à espera que a alta finança, nacional e, sobretudo, internacional, que controla todos os media, desde a TV aos jornais e rádio lhes apresente um salvador. Mas, que salvador? O que há-de acabar com esse sistema de saque? Espera sentada, formiguinha, esse salvador nunca será um indivíduo só, será, antes uma política. E que nunca te será apresentada numa bandeja, terá que ser investigada e procurada por ti!
Pela minha parte, como sempre me interessei, acho que tenho todos os dados necessários para saber onde estou e para onde vou.
Por isso, mais uma vez insisto na oportunidade de se estudarem as 25 folhas da obra essencial "Materialismo Dialéctico, Materialismo Histórico", de José Estaline (**).
Têm medo de a ler? De ler Estaline? Então leiam em diagonal, para continuarem a nada entender, ou então...
…Leiam os discursos do Sócrates (*)!
Abraços
Álvaro

(*) refiro-me ao primeiro-ministro do Governo de Portugal, não, ao filósofo grego...!
(**) A quem estiver interessado, poderei enviar este texto em formato Word. Basta que mo peçam para o meu endereço alvacosta@gmail.com

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Anatomia da Energia

Na Austrália conheci as conferências da Carolin Myss (Lê-se "Maice" em português). Que coisa estrambólica, uma "curadora à distância"! Mas, mais estrambólico ainda é ouvir-se a conferência e aquilo tudo fazer sentido. E agora??!!

Pesquisando sobre o tema da "Velhice ao Poder" descobri esta introdução a um curso dela que mais tarde vou usar num novo desenvolvimento daquele meu texto. Vejam a tradução que fiz, do original, em inglês...:


A Anatomia da Energia
Por Caroline Myss, Ph.D


O Que É A Anatomia Da Energia?

Cada ser humano nasceu com um corpo físico; mas nascemos também com um outro corpo – este, formado por pura energia. A Anatomia da Energia é o estudo do sistema energético inato do corpo humano, do seu papel como agente de cura e da sua relação com todas as outras formas de vida e de energia.
Se virmos o corpo humano como parte dum vasto universo onde o espírito, a matéria e a energia se intersectam, começamos a compreender não só como essas forças agem sobre nós mas também como de facto as podemos dominar e dirigir. A força vital do próprio universo – conhecida como Prana na Índia e Qui na China – é a componente-chave duma existência vibrante e auto-sustentada. Nas tradições do Oriente e do Ocidente, é vista como fonte inesgotável de energia curativa. Para distribuir essa energia nascemos com “circuitos” bioelectricos chamados chacras (uma palavra do sânscrito antigo que significa “rodas”). A partir destes centros energéticos, o Qui ou Prana fluem pelo corpo físico, purificando-o e recuperando-o.

A Anatomia Da Energia E A Doença

Quando a livre circulação da força vital está bloqueada no sistema energético do corpo, pode desenvolver-se uma doença. Imaginemos o corpo como uma base de dados complexa. Cada pensamento, cada sentimento, cada memória que temos, é codificado e transformado em matéria – uma forma de memória celular. Traumas negativos podem bloquear o fluxo de energia no corpo ou fazer com que a força vital “verta” para fora do sistema energético. Vejo muitos pacientes que desperdiçam o seu poder cedendo-o a instituições, figuras de autoridade ou até a medos e problemas imaginários. Em vez de aplicarem este poder maravilhoso – literalmente, um presente de Deus para nos manter saudáveis e criativos – desperdiçam-no.
A Anatomia da Energia fornece as orientações básicas para se aprender como funciona o sistema de energia humana, a sua relação com a energia divina e o papel desempenhado pela intuição na auto-cura. Através deste curso aprende-se a controlar a saúde, retomar o poder vital e a usá-lo para cada um se tornar uma pessoa mais saudável, mais amorosa e mais espiritual.

Por Caroline Myss, Ph.D


Os Sete Chacras

Os Chacras são centros de energia que funcionam como bases de dados no nosso corpo. Cada Chacra grava um tipo específico de dados. Os ensinamentos sagrados das tradições, quer do Ocidente, quer do Oriente, relacionam os centros energéticos do corpo com certos padrões de pensamento específicos. Cada percepção que temos na vida fica arquivada no chacra que tem a vibração correspondente. Por exemplo, as experiências que têm ver com a auto-estima ficam registadas no terceiro chacra.

Para promover o livre fluxo de energia através do nosso corpo, tem que se focar a atenção no presente. Não podemos arrastar sempre connosco os pensamentos e percepções que nos esgotam a energia.

7
A Unidade – Localizada no alto da cabeça


6
O Pensamento
– Localizado na testa


5
A Vontade – Localizada na garganta


4
O Amor
– Situado na região do coração


3
A Personalidade – Localizada no Plexo Solar


2
O Poder físico
– situado na região genital


1
A Tribo
– Localizada na base da espinha



Os Sete Sacramentos


O sistema dos sete chacras é um antigo ensinamento do Oriente. No Ocidente, o Catolicismo Romano fornece-nos esse mesmo ensinamento, através dos sete sacramentos. São sete rituais de passagem que pontuam o decurso das nossas vidas: O baptismo, a comunhão, a confirmação, o casamento, a confissão, a ordenação e a extrema unção. A seguir apresenta-se o diagrama dos sacramentos juntamente com os seus significados simbólicos.

Ao investigarmos profundamente os sete sacramentos, compreendemos a sua relação com os chacras. Os dois sistemas podem sobrepor-se com precisão, ampliando e enriquecendo a nossa compreensão de como usar a energia. É muito importante não esquecer que todos os sistemas de descrição desta energia são de natureza arquetípica e simbólica. Não devem ver-se como representações literais. Compreendidos como ensinamentos simbólicos, os sete sacramentos dão-nos um modo subtil e poderoso de controlar a energia do nosso corpo. Mostram-nos como nos mantermos centrados e conservando o controle do nosso poder.


7
Extrema Unção
– Libertar-se do passado; viver no presente


6
Ordenação
– Deixar o espírito divino dirigir a nossa vida


5
Confissão
– recuperar o nosso espírito


4
Casamento
– Prometer amar-se a si próprio


3
Confirmação
– Confirmação do código de honra para nós próprios


2
Comunhão
– Aceitar cada pessoa como parte do nosso Cristo interior

1
Baptismo
– aceitar totalmente a nossa família e a nossa tribo




A Árvore Da Vida E Os Dez “Sefirot”

Tal como a cristandade nos oferece um mapa simbólico da anatomia da energia humana na forma dos sacramentos, também o judaísmo tem a Árvore da Vida como representação do mesmo sistema.
A Árvore da Vida é um diagrama simbólico que foi usado pelos Cabalistas (a seita judaica mais antiga) por vários milhares de anos. Explica como flúi a energia de Deus para o mundo. Este diagrama apresenta os dez sefirot (números), cada um representando um estágio ou qualidade diferente desta descida. Por exemplo, começa na Keter (coroa) e termina na Shekhinah (criação).
Os dez sefirot estão organizados de forma a distribuírem-se por sete níveis. Cada um desses níveis corresponde perfeitamente ao níveis respectivos dos sistemas dos chacras e dos sacramentos e representa a qualidade do poder que temos que desenvolver de modo a manter um corpo saudável – física e espiritualmente.
Mais uma vez, é importante recordar que a Árvore da Vida é uma exposição simbólica de como a energia espiritual flúi; não representa uma estrutura concreta.


A Árvore da Vida



SISTEMA DE ENERGIA HUMANO:
CORRESPONDÊNCIAS

Sétimo Chacra: Sentido da unidade de toda a criação; Transcendência; Amor superior
Sacramento: Extrema Unção;
Sefirot: Keter (Coroa)

Sexto Chacra: Pensamento;
clarividência
Sacramento: Ordenação;
Sefirot: Binah e Hokhmah
(Compreensão e sabedoria)

Quinto Chacra: Vontade
Sacramento: Confissão;
Sefirot: Gevurah e Hesed
(Julgamento e perdão)

Quarto Chacra: Amor
Sacramento; Casamento;
Sefira: Tif’eret (Beleza)

Terceiro Chacra; Personalidade
Sacramento; Confirmação;
Sefirot: Hod e Nezah
(Majestade e resistência)

Segundo Chacra; Poder pessoal
Sacramento; Comunhão;
Sefirot: Yesod (Fundação)

Primeiro Chacra: Tribo 1
Sacramento: Baptismo;
Sefira: Shekhinah (Gaia, criação)



Caroline Myss

É uma pioneira no campo da medicina da energia e consciência humana e é formada em jornalismo, teologia e medicina energética e intuitiva. O seu trabalho com o Dr. Norman Shealy, um neurocirurgião formado em Havard, ajudou a definir o modo como a tensão e a emoção contribuem para a formação da doença. É co-autora, com o Dr. Shealy, do livro A Criação da Saúde e autora de dois livros, recordes de vendas do New York Times: Anatomia do Espírito e Porque As Pessoas Não Se Curam E Como O Poderão Fazer.

sábado, dezembro 06, 2008

Leitura Em Diagonal


Pois é, os textos do meu blog são lidos em diagonal… Isto, depreendo eu de certos comentários, aqui no blog ou de amigos que comentam em directo!... Vários confessam mesmo: “li assim em diagonal” - fazendo um trejeito como se a desculparem-se…


Mas não faz mal, afinal é mesmo assim que na NET, se lê a maior parte do que pesquisamos, a informação é tanta que não poderia ser de outra maneira. É assim também que muitas vezes leio os blogs que visito…

E recebi críticas de que o meu blog é massudo, os textos são muito compridos, têm poucas ilustrações, vídeos, animações…

Mas para mim, isto começou por ser um arquivo dos meus escritos e agora é um diário de reflexões. Não escrevo para deliciar os leitores, para ganhar audiências. Eu escrevo para mim! Lendo-me depois, consigo reflectir melhor sobre o que pensei, e analisar melhor o que escrevi.

Mais tarde, descobri que aparece gente a ler e a criticar. E que essas críticas são, dum modo geral, muito úteis e fazem avançar as minhas reflexões. Refiro-me, claro, às críticas contestantes, questionando. Essas críticas às minhas opiniões têm-me ajudado a esclarecê-las, ajustá-las, aperfeiçoa-las, corrigi-las e, até, a abandona-las. Em qualquer dos casos, ajudaram-me a maturar e evoluir. Portanto, descobri que quero ter esses leitores interventivos e contestatários. E, concerteza os outros, também.

As críticas elogiosas e corroborativas são simpáticas, sabem bem, mas pouco me ajudam nos raciocínios, são agradáveis porque me enchem o ego, mas mais nada, apenas sublinham o efeito “Feira das Vaidades”, conforme senti desde o momento da fundação do blog, dando-lhe esse título (vejam o primeiro texto que aqui coloquei, já lá vão dois anos!)...

Portanto, o meu blog vai continuar assim, e os leitores, talvez a maioria, a continuar a lê-lo em diagonal. O que não deixa de ser bom…!

E para animar o blog, lá pus um desenho de minha autoria à cabeça…

segunda-feira, novembro 17, 2008

A VELHICE AO PODER

A VELHICE AO PODER!
Toda a criatura é necessária ao concerto do Universo. A minha mãe, 87 anos, lamenta-se, por vezes pergunta “que ando cá eu a fazer?” e eu quero dizer-lhe que ela me faz falta, talvez mais a mim que eu, a ela…

Também comenta que as pessoas deveriam ter sempre saúde, até à hora da morte!

Não! Aparentemente certo, há algo de mal contado nesta opinião. Quer dizer, eu, com 98 anos, estava muito bem a dançar numa discoteca e BUM, chegou a hora, morria!... Ná!

…Mas a ideia não era má de todo… Será?

O terror da morte faz os mais jovens virar a cara e acharem os velhos, horríveis, vendo neles o prenúncio da sua própria morte. Mas esta questão triste e feia terá talvez uma resposta alegre e linda…Será?

A minha geração é responsável pela libertação dos jovens. No final da II Guerra Mundial, um adolescente não passava dum bebé em crise de tamanho e borbulhas. A minha geração marchou ao som do rock e do pop, hinos musicais ao amor, à liberdade, à revolta. E os jovens jamais foram esses homúnculos de chapéu e gravata para que os adultos da época nos remetiam.

Hoje, poderemos dizer que essa batalha está ganha, embora, francamente, se esteja a passar para o extremo oposto, agora, parece que quem não for jovem é para abater, está cá a mais!

Pois estão muito enganados, e, mais uma vez, temos que pegar na bandeira e voltar à luta. A VELHICE É UM POSTO!

A VELHICE AO PODER!!!!

Mas vai ser preciso encarar a vida, toda ela, duma maneira totalmente diferente. Como uma jornada contínua de evolução, para a completa realização do Homem, como ser material e espiritual.

Neste mundo dual em que nos encontramos – onde cada fenómeno se desenvolve de acordo com uma luta interna entre dois aspectos contraditórios – podemos encontrar o número dois a reger tudo, os tempos também. Vou usar isso para calcular o tempo ideal de vida. Não o actual, mas aquele que é de facto necessário para a realização total do homem.

Aqui, entro num campo em que não sou especialista, vou fazer uma abordagem expedita e grosseira, médicos, biólogos, pediatras, educadores e demais especialistas nestas áreas, por favor, corrijam-me onde estiver errado!
Um segundo após o encontro do espermatozóide com o óvulo, este cria uma protecção que impede a entrada de outros espermatozóides; dois segundos depois, começa a sua subdivisão.
E de duplicação em duplicação, vamos vendo passar as fases da vida humana; ao ano de idade, começar a andar; aos dois, começar a falar; aos quatro anos, a definição da personalidade; aos oito, da vida social, a sexualidade potencial; aos dezasseis, a adolescência, a sexualidade efectiva; aos trinta e dois, um casamento maduro, filhos; aos sessenta e quatro, a visão sábia das coisas, aos cento e vinte e oito… Só partir desta idade, estará praticamente concluída a nossa vida, começam os festejos… De quê?

Reparem na alegria da criança e os adultos que a rodeiam, dando os primeiros passos! E quem não sorriu perante o orgulho dum(a) adolescente nas suas novas evidências corporais desta fase? E perante a felicidade dos bem-casados e pais babosos?
Então, porque se hão-de as pessoas entristecer com a 3ª idade? E porque não ansiar por ela, como a criança anseia ser igual ao irmão adolescente? E porque não o próprio preparar-se para a sua morte como uma noiva se prepara para o casamento? E porque não ver essa passagem como o coroamento glorioso de toda uma vida, completando-se? Não é isto de festejar?

Eu sei que agora, ninguém concorda comigo, ser velho é chato! Mas não vai ser sempre assim, virá um altura em que aquela questão colocada pela minha mãe pode ser cumprida. A evolução do conhecimento do homem vai permitir viver-se bem toda a vida, cada idade com as suas peculiaridades próprias, as suas vantagens e desvantagens, certamente o homem saberá encontrar uma resposta de adequação feliz e fisicamente saudável á sua idade. E, creio que isso terá que passar por uma mudança de mentalidade e por uma visão mais espiritual da vida!

Então, na tal discoteca das Docas, com mais de 128 anos, morrerei a dançar num transe xamânico!

VIVAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!

terça-feira, outubro 21, 2008

Platão era mesmo visionário! - 2


Os pressupostos do anterior "Platão era mesmo visionário!", sobre o que se deve manter e o que deve mudar para acabar com esta nossa democracia de opereta, servem agora para eu explicar a minha proposta alternativa.
Claro que o sistema que aqui apresento, aplicando os "sim" do tema anterior e eliminando os "não", nunca será aplicado em Portugal, pois, a sê-lo, acabaria à partida com a manutenção desta nossa classe dominante rasca, e nunca ninguém organiza eleições para as perder. Poderá deixar mudar as moscas, sim, mas o resto, tem que se manter...
Claro que o bombardeamento contínuo a que os portugueses têm sido submetidos sobre a excelência desta “democracia” e das “conquistas de Abril”, cria reflexos e preconceitos que dificultarão a compreensão imediata da minha proposta. Muito gostaria que essas dúvidas, críticas e oposições viessem ao de cima, seriam preciosas para melhorar a minha proposta, seja na sua estrutura, seja na sua exposição.
Cá vai então uma parte dela:
1. Para fundar um partido político apenas seria necessário definir: Nome do partido; seus corpos dirigentes; programa; local da sede; lista de candidatos às Assembleias, da República, Municipais e das Freguesias onde tal partido pretenda concorrer;
2. A filiação em partidos passaria a ser pública, ou seja, cada cidadão aderiria ao seu partido subscrevendo declaração de adesão, aceite pelos respectivos dirigentes; tal documento seria triplicado, ficando o original no Partido, uma cópia na posse do militante e outra, seria depositada na comissão eleitoral, onde poderia ser consultada por qualquer cidadão.
3. Deixariam de se realizar eleições para as Assembleias da República, Municipais e de Freguesia. Anualmente, os deputados seriam eleitos em função directamente proporcional ao número de militantes cujas declarações de adesão (a renovar regularmente) dessem entrada na comissão eleitoral.

Creio que este sistema teria vantagens:
· Surgiriam partidos de todas as maneiras e feitios de modo que ninguém poderia dizer que “nenhum partido lhe serve”;
· Cada pessoa passaria a ser responsável pela sua posição política e essa responsabilidade levaria a uma atitude mais séria perante a política;
· Acabaria o desperdício e a demagogia, o triste espectáculo das eleições; mas, sobretudo, deixaria de existir o poder das panelinhas e cúpulas dentro dos partidos, os dirigentes teriam que descer às bases, captar e educar os seus militantes, debatendo a política com eles e, em última análise, respeitando-os…

Que acham? Críticas bem-vindas, sobretudos as de oposição!

quinta-feira, maio 15, 2008

FURACÃO ML

Acabei de receber um comentário ao meu texto anterior sobre a minha guerra colonial.

Naturalmente o que escrevi inspirou o seu autor, ou autora, "FURACÃO ML" a escrever o seu próprio relato sobre outra guerra quiçá mais sangrenta, que encabeça com "Hipocrisia!".

Afinal, não se trata dum comentário ao meu texto mas um texto que melhor fica aqui, autónomo.
É o primeiro texto que aqui publico que não é da minha autoria ou de que sou tradutor.
Vou então colá-lo a seguir, depois de um mínimo de edição do original com o que, espero, o seu anónimo autor concordará.

E venham os comentários!


Hipocrisia! Que se passará nos últimos tempos ?

Lorosae - o País do Sol Nascente

Desde Abril (1999) que a situação no pais era caótica. Após o massacre de santa cruz - DILI 1991 - para além de esporádicos episódios de confrontos entre as milícias e as tropas governamentais a situação parecia minimamente estável mesmo depois de em Janeiro (1999) ter sido anunciado o projecto de independência.

Não se entendia bem quais eram as facções armadas e assistia-se esporadicamente a tiroteios dispersos atribuídos a guerrilheiros fortuitos.

O dia 4 de Setembro amanhece debaixo de um tiroteio cerrado, com morteirada a cair por todos os lados, não se percebendo quem eram os atiradores.

Mas que estavam lá, estavam... e em força.

O calor húmido abafadiço era irrespirável. Misturava-se o pó com o cheiro intenso da pólvora, do que parecia metal derretido, carne queimada, não tem descrição que traduza.

O pequeno grupo : Esta voluntária anónima, o Enf. Coimbra; a Enf. Adelaide; o Dr. Carlos e os espanhóis Jualsalben e Eulogio, refugiados atrás da parede de uma casa meio destruída em ERMERA aguardava uma pausa no tiroteio para atingir a viatura da UNAMET estacionada duas ruas a frente.

Não era fácil. O fogo das armas parecia partir de um ângulo de 150 graus, varrendo todo o espaço à nossa frente.

Era evidente o nervosismo dos nossos camaradas espanhóis - pressionavam para que estivéssemos atentos ao mais leve recrudescer do fogo para partirmos. estava um avião no AEROPORTO DE BAUCAU a espera para sermos evacuados mas partia a meio da tarde e tínhamos não sabíamos bem quantos quilómetros (400?) até ao aeroporto sem sabermos em que condições.


Não é fácil entrar na narrativa final.... ainda dói e doera para sempre...
No meio de toda a confusão, homens, mulheres e crianças fugindo para junto da nossa parede, murmurando em tétum não se sabe bem o que, talvez Rai-lacan (terra em chama) chorando, gemendo, alguns cheios de sangue, tornaram a situação ainda mais desesperante, caótica.

Narração na primeira pessoa

O CHEIRO A SANGUE EXISTE E INSUPORTAVEL JUNTO COM TODOS OS OUTROS CHEIROS JA DESCRITOS. MAIS RAPIDO QUE SE CONSEGUE CONTAR MAIS AFLITIVO QUE SENTIR UMA BOMBA PARA EXPLODIR JUNTO A NOS MAIS PARALIZANTE QUE UM GAS ALGUEM... NAO SEI...

MAS ALGUEM FALANDO TETUM EM TOM SUPLICANTE E CHOROSO PASSA-ME PARA OS BRACOS UM PEQUENO EMBRULHO
QUENTE HUMIDO MOLE ... ESTUPIDAMENTE AGARRO, SEGURO, PERTO CONTRA O MEU PEITO ESTARRECIDA, ESQUEÇO O TIROTEIO, ESQUEÇO O BENDITO ESPANHOL A GRITAR PARA CORRERMOS PORQUE DC 10 NAO ESPERA PARA ALÉM DO PREVISTO. ---- E OLHO O PEQUENO EMBRULHO

NÃO QUERO... NÃO POSSO... NÃO AGUENTO RELEMBRAR O QUE VI... ERA UM PEQUENO SER, UMA CRIANÇA PEQUENINA - 1 ANO,TALVEZ 2.
UNS OLHINHOS NEGROS MEIO MORTIÇOS, SUPLICANTES, OLHANDO-ME ESPANTADOS, MAS SERENOS, SEM MEDO, TALVEZ SÓ COM UMA PERGUNTA PORQUÊ??

Afastei o pano que o envolvia aconcheguei aquela pasta de sangue a mim, toquei a carinha com a minha face, a mãozinha pequenina e escura agarrou uma madeixa do meu cabelo no pescoço. Apertei bem a mim. Queria dar o meu calor, o meu sangue, não deixar fugir aquela vida Gritei... gritei... gritei com o frio e impessoal espanhol para que me levasse ao hospital de campanha. Estava obcecado pelo avião e gritava também para mim «deja-lo, deja-lo--- a una mujer... »A mãozinha descaiu do meu caracol de cabelo, o sangue estava pastoso mas não escorria e Aqueles olhinhos negros, parecendo molhados de lágrimas, tinham perdido para sempre a luz da existência. Estão gravados em mim para sempre, pela sua paz, pelo perdão que pareciam transmitir e pelo amor que parecia querer ainda dar-me juntamente com uma mensagem JA NAO VALE A PENA Adeus para sempre pequeno ser--- nem tenho a consolação de pensar na vida para além da morte para ter a expectativa de te voltar a ter nos meus braços. Então, sim, inteiro, feliz como tinhas o direito de ser; com o meu cabelo na tua mãozinha escura . Descobrir-te e saber se eras um menino ou uma menina. De ti só me ficou o teu olhar sereno. O bendito DC 10 lá estava ainda a nossa espera depois de uma viagem por estradas e picadas impossíveis, barricadas, postos de controle e ultrapassados todos os desafios. Uma viagem de regresso de quatro dias para esquecer, escalas técnicas, olhares curiosos e incómodos e finalmente o chegar a casa com a decepção da MISSAO NAO CUMPRIDA A TI PEQUENINO SER PROMETO QUE TAMBEM POR TI IREI SEM RESERVAS A QUALQUER LUGAR NO MUNDO ONDE POSSA ALIVIAR O MEU ESPIRITO DO DESGOSTO DE TE TER DEIXADO PARTIR NÃO VALEI A PENA!!!

terça-feira, abril 29, 2008

Outra história sobre Angola, 1969…


Na época das chuvas, em Zala, a Norte de Luanda, as estradas ficavam praticamente intransitáveis. O quartel onde estávamos ficava inacessível às colunas de abastecimento que, mensalmente, traziam, desde Luanda, o que fazia falta aos cerca de 400 soldados. Passávamos algumas semanas em que o abastecimento era feito por aviões, que lançavam os caixotes com comida e outros bens necessários. Por vezes, o vento estava a favor do “inimigo”, presenteando-o com a carga dos pára-quedas desviados do alvo…Passávamos então dias e dias a comer salchichas com arroz!

Lembro-me duma altura em que, para nos deslocarmos 40 kms, até ao quartel mais próximo, situado na fazenda Madureira, demorámos uma semana, encontrando algumas vezes no lugar da picada, um caudaloso rio que fazia desaparecer grandes troços do caminho, transformado num pântano...


Nesses pântanos era frequente os veículos mais pesados ficarem atascados até aos eixos, o que significava um ou dois dias de atraso, gastos a salvar o viatura do atoleiro. Apenas esses veículos milagrosos chamados “Unimog” conseguiam passar aí, recorrendo ao guincho montado na frente. O cabo era preso a uma árvore na direcção do nosso destino e o guincho arrastava esses “burros do mato” para terreno seco.
Aliás, eu inventei um sistema de reboque utilizando dois ou três unimogues com guincho e algumas roldanas, conseguindo, ao colocar os cabos a puxar de várias direcções e alturas, retirar pesados camiões desses atoleiros. Lembro-me dum camião, marca “Magirus", creio, que fora dado como perdido, depois de as tropas de Engenharia munidas de bulldozers e gruas, terem desistido de o retirar.

Recorrendo aos guinchos dos “burros do mato”, conseguiu-se endireitar o camião e, depois, arrastá-lo para terreno firme. Claro que a carga, constando de, entre outras preciosidades, muitas garrafas de whisky, desapareceu misteriosamente. Consta dos relatórios que caiu nas mãos do “inimigo”, mas cá por mim, penso que o destino da carga foi outro, pois, também misteriosamente, muitos soldados, no resto do caminho, cantavam alegremente, tais eram as bebedeiras…
Quem também ficou muito contente foi o condutor e dono do camião, só faltou beijar-me os pés, agradecido…









sábado, abril 19, 2008

Platão era mesmo visionário!


"A penalização por não participares na política, é acabares a ser governado pelos teus inferiores"

A recente manifestação de professores veio levantar directamente a questão da democracia que temos: Muitos dos participantes na maior manifestação dos últimos anos se questionavam sobre o que tal movimento poderia fazer mudar na política do governo, considerando que nem com a oposição podem contar, pois esta é incapaz de perspectivar qualquer mudança.
As maiorias que nos governam já mostraram que não defendem os interesses da maioria da população portuguesa. O que impõe a questionação do tipo de democracia que temos.

Sim: As minorias podem ter razão! Representação proporcional e direito à palavra com tempo de antena mínimo.
Não: Método de Ondt (1), a chantagem do “Voto Útil”…

Sim; Na Grécia antiga, as decisões de governação eram discutidas pelos cidadãos no fórum.Cada um dava a cara pelas suas ideias, votando de braço no ar.
Não: Voto secreto (com excepção daqueles em que estão em causa indivíduos);
Qualquer um podia participar, responsavelmente: Pedia a palavra e apresentava as suas ideias livremente

Sim: Fundar um partido deve ser um acto simples, com a burocracia e garantias minimamente para identificar linha geral, representantes e responsáveis.
Não: exigência de grande número de assinaturas para fundar um partido.

Desse modo, ninguém pode argumentar que não participa na vida política por não existir nenhum partido que defenda os seus interesses – nessas condições, pode facilmente formar um. Requisitos mínimos: ter um programa e estatutos; corpos dirigentes e candidatos; Tesoureiro e conselho fiscal

Não: As campanhas eleitorais resumem-se a uma exibição de força, medida pelo custo dos meios utilizados e implicando gastos de muitos milhares de euros desperdiçados. E apenas se processam de 4 em quatro anos…
Sim: a campanha deve ser económica e permanente, assim como a possibilidade de eleição, substituição ou destituição dos deputados deveria ocorrer com frequência, pelo menos, anual.

(1) Método pelo qual a representatividade dos mais votados é ampliada à custa dos menos votados, desequilibrando a proporção a favor das maiorias, retirando expressão às minorias.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Sobre a Minha Guerra Colonial


No “Yahoo Answers” perguntaram sobre a Guerra Colonial. Ofereci-me para dar a minha versão, mandaram-me um questionário, deu isto. Como achei que o assunto era polémico, resolvi publicar, para ver se o pessoal alinha. Aqui vai:

Entrevista:

P: - Como se vivia em Portugal em período de guerra?
 
Os anos 50 conduziram a uma gradual melhoria de vida nas cidades, determinando um fluxo do mundo rural para a costa. Também marcam o início da emigração para a Europa, principalmente para Alemanha e França. Nos anos 60 já existia uma pequena burguesia urbana que, embora com sacrifício, conseguia por os filhos a estudar, alguns chegando à Universidade. Esses jovens tinham a ameaça da guerra colonial a pairar sobre as suas vidas. Eram contra a ditadura e contra a guerra!
 
P. – Entrou na guerra certo? Então como reagiu a sua família?


 Entrei na guerra, tal como todos os jovens da minha idade. O serviço militar era obrigatório e aqueles que não fugiam para o estrangeiro eram mobilizados para servir nos três teatros de guerra: Guiné, Angola e Moçambique. A perspectiva de ir para a guerra era dramática: Ninguém empregava um jovem que não tinha cumprido o serviço militar: Nenhuma menina queria namorar um jovem em vias de embarcar…rs!
As ideias pacifistas e democráticas entravam em conflito imediato com a perspectiva de servir numa guerra da iniciativa do regime ditatorial de então.

 
P: -Em que colónia portuguesa prestou serviço militar?

Em Angola, como alferes sapador.

P: -Em que ano «foi mobilizado» (isto é, partiu para essa colónia)?

Entrei para a recruta em Outubro de 1967, embarquei em Outubro de 1968 e regressei em Novembro de 1970

P: -Que idade tinha?

Em Novembro de 1970 fiz 24 anos.

P: -Quanto tempo lá permaneceu?

Cumpri 2 anos e 1 mês

P: -Em que lugares esteve «colocado»?

Estive inicialmente em Zala (zona de floresta equatorial a Norte de Luanda) e no segundo ano, em Catete (savana, perto de Luanda).

P: -Esses lugares eram zona de guerra?

Zala era zona 100% operacional. Catete era zona pacificada, embora sujeita a ataques esporádicos.


 P: -Havia muita diferença entre o armamento e o equipamento dos portugueses e o dos guerrilheiros?

 Em Angola e em Moçambique, os guerrilheiros estavam mal armados. Na Guiné, os guerrilheiros tinham armamento sofisticado, incluindo mísseis terra-ar, ameaçando praticamente derrotar o exército português.

 P: -Participou nalguns combates?

Como sapador, as minhas funções eram de lançamento de campos de minas defensivos e levantamento de minas e armadilhas, construção de estradas, pontes e instalações diversas. Sofri no entanto alguns ataques, sendo um particularmente grave pois fiquei sobre o fogo directo dos “terroristas” – nome dado então aos guerrilheiros, chamados de “Turras” pelos tropas.


P: -
Se sim: Pode descrever algum dos combates em que participou?

O ataque mais grave que sofri deu-se nas imediações do quartel, numa colina a cerca de 500 metros da vedação de arame farpado.
Fui surpreendido quando descia, desarmado, ao encontro dos meus soldados que foram apanhar lenha para fazer a comida. Ouvi um primeiro Ziim-PAC Pum – tiro que bateu bem perto! Corri desesperadamente colina acima procurando abrigo, perseguido por mais três Ziiim-PAC Pum, correspondentes a mais três tiros que acertaram no chão, a cerca de 1 metro de mim. Sorte os guerrilheiros terem má pontaria, pois estavam emboscados a cerca de 250 metros! Como resposta, os soldados de sentinela começaram a disparar freneticamente e eu, no meio daquilo, receando ser apanhado pelos dois fogos, atirei-me para um buraco e lá fiquei até que
os nossos soldados me foram buscar! Ninguém sai desta experiência igual ao que era dantes…!
 
P: -O que o impressionou mais na guerra colonial?


 A contradição entre a beleza da floresta e os perigos que ela escondia; O facto de a maior parte das mortes ser devida a acidentes – das 11 mortes no nosso batalhão (uns 700 homens) apenas 5 foram devidas à acção directa do inimigo. 

P: -Acha que a participação na guerra colonial influenciou a sua vida? 

Sim; a tensão, medo e isolamento a que estive sujeito durante aqueles anos me deprimiram a ponto de andar os 20 anos seguintes a tomar calmantes e anti-depressivos.

P: -Tem fotos da sua permanência no ultramar?

Ver foto a seguir, mostrando os componentes duma armadilha explosiva que eu levantei.



P: - Como se sente depois disto?

Agora, a minha idade me fez perceber muita coisa da vida, da guerra e da paz. Estou tranquilo e sem comprimidos, esperando que um dia o Ser Humano evolua o suficiente para viver sem guerra e sem exploração, tentando fazer o que estiver ao meu alcance nesse sentido.
 
P: -Pode-me dizer uma visão Global desta guerra?


 Hipocrisia! Na verdade, os povos das colónias estão agora pior do que estavam no tempo do colonialismo. A treta do anti-colonialismo foi apenas um estratagema, sob a capa dos mais nobres ideais da autonomia e libertação dos povos, para transferir para as grandes potências o saque e rapina feitos pelos países mais fracos, como, neste caso, Portugal. Agora, o grande capital internacional explora África através de dirigentes africanos corruptos, sem outros países intermediários…