FILOSOFIA DE PÉ DESCALÇO…
Estava eu cheio de problemas por causa da minha incultura filosófica, de que me valeu a intervenção atenta do Giovanni, na minha publicação de Janeiro deste ano. Depois da minha penitência, com a tradução, para português dum texto esclarecedor de Ken Wilber, escrevo a seguir um pouco mais sobre essa problemática, e, para ajudar os leitores em diagonal, vou pontuando o que escrevi com uns bonequinhos meus…
Na verdade, sinto a necessidade de discorrer sobre matéria filosófica, mas, ao publicá-la, e até ao permitir os curiosos espreitarem para ler e dar opinião (mesmo sendo isto um diário quase íntimo), tenho obrigação de não dizer asneiras, não?
Bom, sendo áreas para as quais tenho apetência mas pouca ciência, é quase certo que vão sair asneiras. Que faço então? Fecho o bico? Deixo de colocar aqui aquilo que é apenas um pensar alto?
Na verdade, já há patranhas e charlatanice a mais na NET. Mas também a net nos permite, se formos atentos e escrupulosos, corrigir muita asneira e ir aprendendo. Afinal, o carácter social da rede permite sempre aparecer alguém que sabe mais que nós, a dar uma ajudinha.
E esta maravilha da navegação na NET, tal como a navegação marítima dos séculos das Descobertas, está rapidamente a ajudar as mentalidades a abrirem-se e a mudarem. Quanta coisa nova se aprende aqui? Quanta coisa velha, mas sempre ocultada, que agora vem ao de cima?
Vou continuar aqui, então, a colocar as minhas interrogações e as minhas respostas, alertando quem me lê que o faça com a atitude recomendada pelo nosso grande Agostinho da Silva:
“(…) nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles forem meus, não seus. Se o criador o tivesse querido juntar a mim não teríamos tal-vez dois corpos ou duas cabeças bem distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence."
E, sobre a legitimidade da prática da filosofia de pé-descalço, como a minha, deixo também aqui uma citação do filósofo brasileiro Paulo Ghiraldelli Jr.:
"A filosofia não é propriedade da universidade: Sócrates a iniciou nas ruas, Marx a fez nos jornais, livros e assembléias operárias, Descartes a fez nas viagens como soldados, Sartre a fez nas ruas de Paris, Marcuse a utilizou nas Assembléias do movimento de jovens de 68, Dewey a exerceu na educação, da política, Rorty e Habermas a fizeram no contexto dos grandes embates pela paz. Meu Deus! Precisa mais? Todos os grandes filósofos fizeram filosofia em situações cotidianas, de grande público ou não.
A situação de sala de aula ou de universidade é o caso específico, o caso geral e comum é a filosofia na rua. Isso não quer dizer que se deve dar aval para quem não é filósofo, o filósofo depende de uma formação cultural que implica a discussão com os pares e a formação acadêmica, mas a filosofia é uma conversaçao pública.”
Conversemos então…!!!