terça-feira, abril 12, 2011

------------------------ CORAGEM II -------------------------

Chegamos aos tempos conturbados em que muitos já percebem, finalmente, que a chamada “bancarrota” do País é, sobretudo, a bancarrota do sistema capitalista, que agora já cria mais problemas do que resolve.
Coloca-se então a questão da alternativa, do socialismo e do comunismo. Felizmente para os apoiantes do capitalismo, houve o flop do “comunismo” na URSS e na China, que eles sempre usam para arrumar com a questão. Que a manutenção do comunismo nas suas intenções puras era um problema por resolver, já Mão-Tse-Tung percebera. Segundo ele, havia que mudar a Cultura, o que faria mudar então as mentalidades, porque comunismo gerido por gente com a velha mentalidade degenera, redundando numa espécie de fascismo, a que chamou de social-fascismo.

Descubro agora este espantoso vídeo, do Osho, em que ele apresenta uma perspectiva avançada para a resolução desse problema (falava na altura do desmoronamento da URSS). Está aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=O3r4cv2uu98

Traduzo a seguir as partes essenciais. Quem não sabe inglês, poderá apreciar o vídeo à mesma, pela curiosa banda sonora e pelas imagens interessantes.
E para entreter os leitores em diagonal, junto algumas imagens de belos murais revolucionários que retirei daqui: 

Comunismo e Espiritualidade
 - Extractos de intervenções:
  • Atenção ao Socialismo: cinco discursos na Cruz Maidan, Bombaim, Índia, 13 a 17 de Abril de 1970, Osho (Shree Rajneesh), 1984, Fundação Rajneesh, Oregon, EUA; Osho: Comunismo e fogo de Zen, (excertos de páginas 286-298 e 305);
  • Palestras dadas para o Rajneesh International University de misticismo, Poona, Índia, 30 de Janeiro - 5 de Fevereiro de 1989
 A infância leva à juventude, a juventude, por sua vez, leva à terceira idade. Da mesma forma o capitalismo levará ao socialismo, o socialismo, ao comunismo e o comunismo ao anarquismo. Mas estes são processos do crescimento social gradual. Eles não são de modo nenhum contraditórios. Quando o comunismo for correcta e totalmente estabelecido, não haverá mais necessidade do Estado.
 Comunismo significa simplesmente passar a propriedade privada para as mãos do colectivo – Porque a propriedade privada da propriedade cria classes, os oprimidos e os opressores.
Dinheiro traz mais dinheiro, atrai mais dinheiro. pobreza atrai mais pobreza. E um homem que vê à sua volta pessoas cheias de dinheiro, de boas casas e carros, enquanto ele passa fome, tem a sua dignidade como um ser humano destruída. Começa a sentir-se sub-humano, inferior, sem sucesso, e o criar este sentimento em milhões de pessoas apenas para que alguns sejam imensamente ricos é contra a humanidade.
O comunismo traz dignidade para todos, porque todas as propriedades, a terra e tudo, pertencem ao colectivo. Ninguém pode ser rico e ninguém pode ser pobre.  
O comunismo é sinónimo de igualdade - uma igualdade de oportunidades para que todos possam fazer florescer o potencial que cada um esconde dentro de si - Uma vez que as pessoas se livrem do complexo de inferioridade, uma vez que as religiões sejam afastadas do poder como faz o comunismo, onde Deus não existe e as chamadas religiões são apenas o ópio do povo. 

Logo que as religiões sejam removidas, um enorme vácuo vai ser sentido por todos. Porque estas religiões têm enchido as pessoas com sistemas de crença que são ficção mas que as ajudam a se sentir preenchidas. As religiões têm-lhes dado ideias falsas, ficções, para as consolar.  
 Quando o comunismo for bem sucedido, as pessoas vão deixar cair o complexo de inferioridade - que é necessário para que os padres, para e quem está a conduzir a humanidade para todos os tipos de escravidão, o possam fazer. Porque quando Deus não existe, não há nenhuma culpa – e sem culpa nenhuma religião organizada pode viver. É a culpa que leva as pessoas às igrejas, porque elas ganham medo: todos cometeram pecados, agora vão sofrer no inferno por toda a eternidade. Então, algo deve ser feito para os absolver da culpa.
 Todas as religiões fornecem ficções. O sacerdote é o agente do Deus que não existe. Este Deus é uma ficção absoluta criada pelos padres.

Comunismo dissolve estes sacerdotes, dissolve a religião organizada, tira todo o ópio que eles têm estado a dar ao povo.  A visão de Marx não vai para além disso, mas o meu conhecimento e a minha visão são mais completos. 

Marx não estava ciente de que o fenómeno completo ia mais longe que isto. Eu posso ver com mais clareza do que Karl Marx, Lenine ou Estaline.  
O comunismo criou um vácuo. O comunismo cria um vácuo - é por isso que eu o apoio. A minha visão é de que esse vácuo apenas pode ser preenchido pela meditação.
Agora, eu sou contra que na União Soviética se tragam os sacerdotes de volta, reabrindo as igrejas. Esta é a hora em que meditação deve ser introduzida na União Soviética. A porta deve ser aberta para as pessoas que despertam, que são iluminadas - os Budas - possam preencher o vácuo, não com qualquer ficção mas com o próprio potencial de cada um, preenchendo cada vez mais esse o vácuo e florescendo como flores de Lótus. 
Assim, o comunismo é o primeiro passo. O segundo passo é espiritualismo, e a terceira etapa é o anarquismo. O anarquismo não é possível a menos que as pessoas sejam realmente, autenticamente espirituais.
Kropotkine, Tolstoi, Bakunine - nenhum deles estava ciente do fato de que falava sobre as flores, mas esquecia as raízes e o tronco. Não se pode criar flores sem raízes, sem um tronco. O comunismo é apenas a raiz, o tronco será a meditação. E as flores será um mundo sem qualquer domínio, sem qualquer interferência com o crescimento individual - um mundo sem Estados, um mundo sem fronteiras. Apenas um mundo composto por indivíduos - sem organizações, sem Nações, sem rivalidades.
Portanto, comunismo, para mim, é apenas o terreno básico. É as raízes. A espiritualidade vai ser o tronco, os ramos e a folhagem. E, depois, no pico mais alto, vem a liberdade absoluta de todos os tipos de dominações, opressões, supressões, de todos os sacerdotes, de todos os políticos.
 Eu não sou um político, mas isso não significa que não esteja interessado no bem-estar humano. E vou dizer coisas que podem afectar preconceitos. Eu quero destruir completamente os preconceitos. Quero criar um vácuo. Esse vácuo é absolutamente necessário para que haja espaço de desenvolvimento do potencial de cada um. As pessoas estão cheias de lixo religioso, de lixo político, de lixo económico, de todos os tipos de ideias que lhes meteram na cabeça. Ninguém pode assim ter as suas próprias iluminações – todo esse lixo impede, cega, dá um falso sentimento de plenitude.
Todo o meu esforço é para limpar completamente o interior de cada um de tudo o que a sociedade, a educação, a religião, a família lhe meteram na cabeça. Ninguém pode crescer em meditação a menos que se livre disso. Ninguém se pode se tornar num Buda.
Porque é negativo, porque é sem Deus, sem céu, sem inferno, sem a ideia de reencarnação, o comunismo é uma oportunidade melhor do que qualquer outra estrutura social. Ele cria uma certa igualdade de oportunidades para o homem e mulher. Comunismo, para mim, é um passo muito significativo para o estado de Buda perfeito.
  
Para comungar com o Uno, vai-se para o nosso interior, para além da mente, para o centro mais interno do ser.
                                                     
 Perguntarão alguns porque este meu texto é encimado pelo desenho daquela menina (que fiz há uns bons 40 anos). É simples: A revolução faz-se com coragem, firmeza, mas também com doçura… Penso eu de que, como dizia o outro!