O ÓPIO DO POVO!
Recebi recentemente um e-mail do meu amigo Fábio Oliveira
(http://fabioxoliveira.blog.uol.com.br/)
que, do Brasil, nos chamou a atenção para Ken Wlber, o meu filósofo recente favorito (pesquisem algumas traduções de textos dele que aqui publiquei). Junto com a foto, escreveu o Fábio:
“Um dos maiores filósofos vivos do mundo, o norte-americano Ken Wilber, já explicou, em termos simples e acessíveis, a causa da decadência espiritual do Ocidente”.
E cita este texto:
A DECADÊNCIA ESPIRITUAL DO OCIDENTE
Ken Wilber
Basicamente: o movimento do Iluminismo, na ânsia de aniquilar a Igreja, que amedrontava a todos e que matou e torturou milhões de pessoas atra-vés da Inquisição, suprimiu toda e qualquer consciência religiosa, confun-dindo a Espiritualidade humana com apenas aquela espiritualidade de nível infantil, mítica, então vigente aos cidadãos dos séculos XVIII e XIX.
Esta revolta contra Deus deveria ter sido apenas uma revolta contra o Deus mítico, infantil, da época, mas acabou atingindo todas as formas de manifestações religiosas, formas inferiores e, principalmente, as formas superiores de espiritualidade.
O ser humano (individualmente e colectivamente), segundo hoje os mais avançados estudos, precisa – para própria evolução – se permitir o desenvolvimento de seus níveis de consciências, que é conseguido pelo desenvolvimento de suas inteligências múltiplas, tais como: cognitiva, moral, cinestésica, estética, emocional e espiritual.
Se alguma das linhas de desenvolvimento (ou inteligências múltiplas) não se desenvolve, pode afectar o desenvolvimento da inteligência como um todo.
A inteligência espiritual é aquela que responde à pergunta fundamental : “o que é a mais importante das coisas que tenho consciência?”.
Ao retirar do mundo intelectual a espiritualidade como um todo, o Ocidente, de certo modo, se emburreceu. Limitou seu crescimento intelectual, pois cada nível de consciência tem como reflexo certo nível de desenvol-vimento cognitivo, moral, estético e espiritual.
Sem o aspecto espiritual, só se permitiu o desenvolvimento da Cognição (Ciência), da Moral, e da Arte.
Como a religião não era mais ouvida, a Ciência passou a ser o novo deus, que deveria responder às questões fundamentais do ser humano. Tal tarefa não era a tarefa da Ciência, de modo ela não a cumpriu com êxito, daí ocorreu a crise espiritual ocidental.
Excelente texto, que resolvi comentar por aqui, com referência à crise social e económica dos tempos modernos, que urge resolver.
Já foquei bastante o problema aqui no blog, mas este texto vem fortalecer as minhas convicções sobre o tema. Para os interessados, deixo no final duas ligações para os principais textos aqui existentes onde discorro sobre o tema da religião, espiritualidade e política dos povos.
O drama da inexistência de Deus, “A Náusea” de J. P. Sartre, perseguiu o homem moderno, órfão do Pai todo-poderoso. Essa “orfandade” foi convertida em força libertadora pelos filósofos do Comunismo, para quem a religião era “O Ópio do Povo”, e que a substituíram pela Ciência. No campo da política, a Ciência ia permitir lançar e desenvolver a sociedade com a mesma perfeição e eficácia com que se construía uma locomotiva, um transatlântico…
E tal como na produção de máquinas e artefactos, também essa tecnologia da politica teve desenvolvimentos espectaculares, com a vitória da revolução comunista na Rússia e na China, provando a sua validade.
Porém, tal como o Titanic, expoente máximo da técnica da altura, também o comunismo na Rússia e na China se foi afundando. Mal da técnica? De modo nenhum; mal dos homens que a conduziam…!
Mao-Tsé-Tung percebeu isso, viu que havia que mudar a mentalidade do ser humano, não se podia forçar ou impor uma causa justa por métodos brutais, nem mudar mentalidades com pelotões de fuzilamento. Vislumbrou, um pouco, aquilo que fazia falta e tentou supri-lo.
Mas, também ele ainda pertencia à velha corrente do “Religião – Ópio do Povo”. Rejeitando, e bem, o Deus primitivo, mítico, ancestral, não percebeu a alternativa, e acabou por ver o seu combate – “A Grande Revolução Cultural” também afundada no abismo do novo Nacional-Capitalismo de Estado, dominante na China.
Na verdade, a religião sempre tinha sido usada como ópio do povo e tinha que ser posta totalmente de lado. Mas, na religião, havia talvez algo a salvar…
E aqui entra o conceito de Espiritualidade, essencial para que se possa construir uma sociedade justa, num regime livre de exploração do homem pelo homem, sem que os seus construtores se transformem em novos exploradores.
Isto é referido noutras publicações neste blog, incluindo uma magistral explicação do Osho, conforme a tradução que aqui publiquei. Os que ainda não a leram, podem ir lá por estas ligações:
http://aleddd.blogspot.com/search?updated-min=2011-04-01T00%3A00%3A00%2B01%3A00&updated-max=2011-05-01T00%3A00%3A00%2B01%3A00&max-results=1