Onde Pôr o Terminal de Contentores?
A perspectiva de um "Muro" de chapa canelada a barrar-nos o Tejo é de facto uma coisa sem pés nem cabeça, parece que Lisboa congelou nos anos 50!
Na verdade, na localização do porto de contentores seguiu-se a do porto de carga geral, instalado nos inícios do séc. XX. E os pressupostos do aumento do porto de contentores são o de que o consumo vai continuar a aumentar. O que, agora, parece altamente duvidoso. É que, com as novas perspectivas económicas, o aumento do consumo revela-se claramente prejudicial para a própria Humanidade, o consumo terá que ser mais racional e melhor distribuído. E até se aconselha uma retirada sustentável, como diz o filósofo brasileiro Leonardo Boff:
"Querem, com razão, um desenvolvimento ecologicamente respeitoso da natureza, mas ainda no quadro do desenvolvimento. Ora, conhecemos a lógica voraz do desenvolvimento. Melhor, precisamos antes de uma retirada sustentável do que de um desenvolvimento sustentável. Seria o começo da realização do ecossocialismo".
"Querem, com razão, um desenvolvimento ecologicamente respeitoso da natureza, mas ainda no quadro do desenvolvimento. Ora, conhecemos a lógica voraz do desenvolvimento. Melhor, precisamos antes de uma retirada sustentável do que de um desenvolvimento sustentável. Seria o começo da realização do ecossocialismo".
Mas põe-se sempre a questão da saída do porto de contentores do local onde está ou, pelo menos, da sua redução substancial. E hoje, com tanta tecnologia de planeamento, sistemas de informação geográfica, mapas de satélite e tudo, uma alternativa melhor para fazer um porto de contentores pode e deve ser procurada.
Quando da elaboração do Plano Director de Lisboa, colocaram-se duas opções fundamentais: Lisboa vai-se expandir só ao Norte do Tejo, ou vai englobar o lado de lá (hoje, estes governantes diriam "o deserto"). A opção escolhida foi a de abarcar o lado de lá – Almada já era grande e haviam muitos terrenos óptimos para construção, nas planícies da Outra Banda… Com o desenvolvimento da ocupação humana da margem Sul poderemos então perguntar onde ficará o "Centro de Gravidade" da conurbação "Grande Lisboa"?
Se colarmos, num mapa da "Grande Lisboa", grãos de chumbo em quantidade proporcional às densidades populacionais de cada unidade de superfície (podemos depois experimentar com as densidades de armazenamento, de comércio, de indústria) e se suspendermos por um só fio numa parede esse "modelo" deixando-o livre, podemos traçar a linha do prolongamento do fio sobre a superfície do mapa. Repitamos a operação para outra posição e obtemos duas linhas que se vão cruzar num ponto que será o centro de gravidade desse modelo material.
Simplificadamente, podemos dizer que as mercadorias colocadas nesse ponto estariam na localização óptima para efeitos de sua distribuição pelas habitações, fábricas e armazéns (tenham-se em conta as monstruosas áreas logísticas de Carregado-Azambuja). Com toda a probabilidade, esse ponto ficará algures entre Santa Apolónia e Terreiro do Paço, se não ficar mesmo no meio do Tejo. Então… Porque não colocar o porto de contentores…
No Meio do Mar da Palha?
Seria relativamente fácil fazer uma ilha artificial a uma certa distância frente do Seixal, deixando canais para passagem de barcos de menor calado. A altura média das águas no Mar da Palha anda pelos 4 metros, o que facilitaria a construção da ilha. Na parte mais afastada de terra poderá ser mais funda, mas sempre se teria que se dragar o fundo, uma vez que o calado dos navios porta-contentores andará pelos 12 metros. Mas esse problema deixo-o para a engenharia resolver…
A ilha serviria de encontro da nova ponte e daí partiriam pontes para Cova da Piedade, Laranjeiro, Seixal, Barreiro e Montijo, para além duma via distribuição interna na Ilha e duma via rodo-ferroviária para o porto de contentores e para Sul. Essa rede viária seria enquadrada paisagisticamente por zonas verdes que atenuariam o ruído do tráfego e amenizariam os terrenos sobrantes onde haveria espaço para estação de tratamento de águas e lixos, depósitos, serviços e armazenamento de apoio ao porto
Não esqueçamos que uma localização óptima em termos de centralidade valoriza imenso o espaço e, não fora o facto de se situar na água, este poderia tornar-se numa zona urbana de alta densidade. Assim, construída, a ilha seria extremamente valorizada e, no futuro, é provável que se chegue a implantar aqui construção de alta densidade - quem sabe se uma torre biónica)?
(ver em http://www.torrebionica.com/bvs-english/bvs-english.htm sobre torre biónica)
(ver em http://www.torrebionica.com/bvs-english/bvs-english.htm sobre torre biónica)
Mas, para já e tirando alta futurologia, toda essa parte da margem Sul passaria a ter uma rede de ligações que acabaria com o caos viário que existe nesse arco urbano entre Cacilhas e Barreiro e a distribuição das mercadorias por toda a grande Lisboa e para a Região Centro e Sul ficaria muito mais fácil. Na ilha poderiam implantar-se até actividades turísticas e desportivas com piscinas, ginásios, SPAs, hotéis, marina, etc.; o porto para contentores (mesmo admitindo que o consumo se continuaria a expandir) teria espaço de armazenamento que chegaria para os próximos 100 anos e aqueles paralelepípedos metálicos, à distância, arranjadinhos pelos paisagistas até formariam conjuntos interessantes. E há ainda muito plano de água a Norte da Ponte Vasco da Gama…