quarta-feira, outubro 25, 2006
sexta-feira, outubro 20, 2006
Texto sobre Ken Wilber - Filósofo americano a ter em conta, sem preconceitos!
Ken Wilber – Conceitos Básicos
Victor MacGill (macgill@es.co.nz)
(Trad. de Álvaro Costa - alvaro_ccosta@iol.pt)
Holon
Um Holon é qualquer porção do universo que seja um todo consistente por si próprio, mas que é, necessariamente, parte inteira de um sistema mais vasto que o inclui.
Por exemplo, cada átomo é um holon. O átomo, em si, é inteiro; tem uma forma concreta que sabemos ser a mesma onde quer que se encontre. Mas os átomos podem agrupar-se, formando moléculas. As moléculas são constituídas por átomos; as moléculas incluem-nos. As moléculas são mais complexas que os átomos. As moléculas também são holons, porque são intrinsecamente um todo e podem organizar-se formando uma célula viva; as células também são holons que podem formar um órgão do corpo; os órgãos dum corpo podem formar um ser vivo, etc., etc....
Graus de Consciência
A vida desenvolve-se por uma sucessão de estádios, sendo cada um, um holon que inclui o estádio anterior e que se vai incluir no estádio seguinte (1). Caminha-se de um estádio, para o seguinte, não se podendo saltar nenhum: Por exemplo, em termos de desenvolvimento interior, existem quatro níveis básicos:
Consciência Única: Tudo é visto como um todo. Sem qualquer limite;
Organismo Total (Centauro): Existe uma linha de separação entro nós próprios e o universo exterior (o próprio + o exterior = consciência única);
Nível do Ego: Desenha-se em nós próprios uma fronteira entre o ego e o corpo (ego + corpo = o próprio)
Nível do Persona(2): Traça-se uma separação entre a persona e a sua sombra (persona + sombra = ego)
Estes quatro níveis podem desdobrar-se em sete, que correspondem ao nosso sistema de chacras. Desenvolvendo mais o espectro de Wilber, é possível englobar vários sistemas de descrição de níveis num conjunto coerente.
Os Quatro Quadrantes
Há quatro aspectos a considerar em cada nível de consciência: Primeiro, temos que considerar os aspectos do Individual e do Colectivo, bem como os do Interior e do Exterior. Juntos, constituem os quatro aspectos:
Individual Individual
Interior Exterior
Colectivo Colectivo
Interior Exterior
Para que todo o sistema funcione bem, todos os quatro quadrantes têm que operar eficiente e equilibradamente; por exemplo, para que qualquer sociedade funcione bem, tem que preencher:
As necessidades interiores do indivíduo –
Os seus impulsos, expectativas, desejos, autoconfiança (Esquerda Superior);
As necessidades exteriores do indivíduo –
Alimentação, roupa, abrigo (Direita Superior);
As necessidades Interiores da sociedade –
As crenças, objectivos comuns e a sua visão do mundo (Esquerda Inferior);
As necessidades exteriores da sociedade –
Educação, saúde, estrutura económica, instituições (Direita Inferior).
Se qualquer destas necessidades não for satisfeita, estabelece-se o caos nessa sociedade.
Ao avançarmos e subirmos no espectro da consciência, verificamos que qualquer distorção no equilíbrio entre os quadrantes afectará o sistema dum modo próprio de cada nível de evolução em que essa distorção ocorre. Por exemplo, no mundo de hoje temos negligenciado as necessidades exteriores do nosso planeta, poluindo-o. O resultado deste desequilíbrio é a destruição da forma exterior do nosso planeta Terra.
A Dialéctica de Hegel
Foi Aristóteles que primeiro desenvolveu a ideia da tese, antítese e síntese. Mais tarde, Hegel reformulou–a como a Dialéctica: Sempre que algo de novo surge, (tese), como quando se alcança um novo nível de existência, desenvolve-se concomitantemente uma sombra que parece contrariá-lo (antítese). Estes dois aspectos opostos têm que ser entendidos por uma compreensão mais abrangente que supera a tese e a antítese (síntese).
Este processo explica como se evolui ao longo do espectro. Entramos em algo de novo e esforçamo-nos por o compreender: Wilber chama a este estádio, pre-convencional; quando o compreendemos, estamos no convencional. Mas, ao compreende-lo, surge a antítese, vemos que a tese não estava totalmente correcta e avançamos, ultrapassando a compreensão anterior, para o pós-convencional, para a síntese.
Exemplo: Quando apareceu a escravatura, no estádio pre-convencional, esta apresentava-se como uma inovação maravilhosa. Permitiu construir estruturas como as pirâmides e foi parte integrante do tecido social das sociedades durante milénios, enquanto foi aceite – enquanto foi convencional. Depois, aconteceu que chegámos à conclusão de que não prestava e abolimo-la. Então, aí, alcançámos o estádio pos-convencional.
A Planália
Wilber usa o termo Planália (3) para descrever o que acontece quando se ignora ou subestima um ou mais quadrantes. A ciência descreve o nosso mundo externo. A ciência é a visão do mundo que mede a nossa “realidade”. O que quer que não se possa de medir de modo nenhum é ignorado, como irreal e sem valor. Valores, sentimentos e intuição não têm lugar no mundo da ciência. Os cientistas criaram uma terra rasa, onde todo o lado esquerdo dos quatro quadrantes foi laminado para o lado direito. Quanto mais a ciência o faz (tese), tanto mais reagem as pessoas, que não estão preparadas para viver nessa Planália poluída (antítese).
Podemos também criar uma Planália quando nos separamos de níveis mais elevados de consciência. Uma sociedade tribal geralmente faz uma nítida distinção entre os que pertencem ao grupo e os que lhe são exteriores. Ao negar uma condição igual aos de fora, estão a criar uma Planália. Geralmente existem regras rigorosas obrigando à cooperação dentro do grupo, como a proibição de exercer violência sobre qualquer dos seus membros, mas incentiva-se a violência sobre estranhos, em particular se eles podem constituir uma ameaça. Criaram uma panália, ao ignorar a humanidade comum que todos partilhamos.
Onde Errámos, Aqui No Ocidente
A nossa visão científica da vida criou uma grande Planália. Em ciência não existe “eu”. Um cientista não diz “eu procedi a uma experiência” mas, sim, “procedeu-se a uma experiência”. Desapareceu a pessoa do cientista. Não há lugar para pensamentos e sentimentos, só existem medições das coisas. O lado esquerdo interior dos quadrantes é apagado e laminado para o lado direito. O lado material da nossa vida é tudo, o espiritual e interior não é nada. O mundo interior foi abandonado e perdemos o que nos liga à integridade do mundo. Perdeu-se Gaia e ela começa a queixar-se.
Descendente/Ascendente
A vida é o fluxo e refluxo de duas correntes; A energia ascendente é dominada pelo masculino e procura alcançar o Céu, negando a parte física; O cristianismo é fundamentalmente uma religião ascendente. A energia ascendente evita as emoções. A energia descendente é dominada pelo feminino e procura fazer o Céu na terra; As religiões de deusas são religiões descendentes; a energia descendente expressa-se por emoções.
Na vida, precisamos dum equilíbrio entre energia ascendente e energia descendente. Temos que nos elevar a novas alturas, mas mantendo os nossos pés bem firmes na terra. Também criamos Planália quando negamos qualquer destas duas correntes de energia.
Notas:
(1) Segundo KW, cada holon tem a capacidade de acção e participação, autodissolução e autotranscendência, pelas quais mantém a sua integridade, conservando os seus sub-holons, e desempenha o seu papel como parte do holon de grau imediatamente superior (capacidades horizontais), ou se separa, decompondo-se nos seus sub-holons, ou se supera (capacidades verticais), adquirindo qualidades superiores incluindo as qualidades úteis do seu estado anterior (N.T.).
(2) Segundo C. Jung, persona é a pessoa, tal como se representa perante os outros; a sombra, é a sua parte mais primitiva, animalesca, muitas vezes remetida para o inconsciente (N.T.).
(3) Flatland, em inglês (N.T.).
Os Vinte Princípios
1 Todo o Real é composto por holons e, não, por coisas ou processos;
2 Os holons apresentam quatro capacidades fundamentais:
a) Auto-sustentação;
b) Auto-adaptação;
c) Auto-transcendência;
d) Auto-dissolução;
3 Os holons surgem;
4 Os holons surgem holarquicamente;
5 Cada holon emergente transcende, mas inclui o seu predecessor;
6 Os de nível inferior determinam as possibilidades dos superiores; os de nível superior determinam as probabilidades dos inferiores;
7 “O número de níveis duma determinada hierarquia estabelece a sua profundidade ou superficialidade; ao número de holons presentes num determinado nível chamaremos extensão” (A. Koestler);
8 Cada nível sucessivo de evolução produz mais profundidade e menos extensão;
9 Se se destruir qualquer um tipo de holon, destruir-se-ão todos os holons que lhe são superiores e nenhum dos que lhe são inferiores;
10 As holarquias evoluem em conjunto;
11 O inferior interrelaciona-se com o superior ao longo de todos os níveis;
12 A evolução tem, numa dada direcção:
a) Maior complexidade;
b) Maior diferenciação/ integração;
c) Maior organização/ estruturação;
d) Maior autonomia relativa;
e) Maior perfeição.
Nota:
Do prefácio da segunda edição de Sex, Ecology, Spirituality: “O capítulo 2 destaca “vinte princípios” comuns aos sistemas emergentes ou em crescimento, onde quer que os encontremos. Muitas pessoas contando-os e, achando-os menos que vinte, perguntam se saltaram algum. Depende simplesmente do que se contou como sendo um princípio. Eu conto 12 princípios: o número 2 contém quatro, e o número 12 contém cinco, o que faz dezanove, ao todo. Ao longo do livro, adiciono mais, o que faz vinte e dois. Mas um ou dois dos princípios, não o são propriamente, são apenas definições (p. exemplo, o princípio 7 e talvez o 9). Teremos então os tais vinte princípios ou características da evolução. Mas o número vinte, em si, não tem nada de especial; refere-se apenas a alguns dos mais evidentes tropismos, sentidos ou tendências da evolução.”
Fonte: Ken Wilber, Sex, Ecology, Spirituality, 1995, pp. 35 a 78.
Colocada por Álvaro 5 comentários
segunda-feira, outubro 16, 2006
Texto que publiquei no forum do mundo da corrida (ver link)
Sobre a Minha Primeira Maratona
Colocada por Álvaro 8 comentários
quarta-feira, outubro 04, 2006
Agora, uma filosófica que encuquei...
Se responder a 3 de um teste de 10 perguntas, tenho um resultado de 30%, certo? Mostro que sei 30% do que era suposto saber…
Agora... Sobre a Realidade… Conhecemos 1001 coisas em 1001 campos do conhecimento. Tantos dados! Mas seja qual for o número, é um número finito, certo?
...Chamemos a esse número enorme N;
Agora… Acreditam que o Kosmos é infinito (chamemos-lhe Inf), no espaço e no tempo? Se sim, sabemos do Kosmos, N/Inf avos, não é?
Pois então não sabem nada do que nos rodeia, pois N/Inf = 0!
Tudo o que achamos que sabemos deve ser uma ilusão…ou não?
Colocada por Álvaro 0 comentários