quarta-feira, abril 22, 2009

FOGO EM ABRIL ANTES DO CHIADO

O"25 de Abril" - Grande Chachada!


Bom, para a próxima faz-se melhor, os barretes que enfiaram ao povo português estão gastos e agora é mais fácil tirar as devidas lições!

Coloco a seguir fotos que tirei nesse dia e no seguinte, e um pequeno texto que, anos mais tarde, resolvi escrever para as acompanhar, quando registei os direitos de autor.
Mas estejam à vontade para copiar, desde que sem fins comerciais. E agradeço que respeitem a autoria...

"Não é todos os dias que se pode sair à rua no decurso duma movimentação militar, muito menos na Lisboa de 1974, com caças a sobrevoar a cidade e mensagens estranhas na rádio

Vai daí, Canon pendurada ao pescoço, passo jardim de S. Pedro de Alcântara, largo de S. Roque, rua da Trindade


Tropa, e Guarda Republicana. Preparo a foto. Um G.N.R. Vê-me. Tiro, não tiro, o G.N.R. deve ter, no mesmo segundo, pensado o mesmo, mas teve medo – via-se-lhe no rosto! Eu também tive medo, mas disparei. Ele, não


Fogo, só se for de artifício, pois há uma excitação de festa no ar. Na verdade, ouvem-se umas rajadas, e a multidão, que se vai adensando, refugia-se nos portais. O quartel do Carmo ainda não fora tomado

Há tiros reais, um deles, quase mata um dos bustos que decora o teatro da Trindade, é bem visível na parede, a uns 3 metros de altura

Mas não há pânico, ou medo, as pessoas que correm a abrigar-se fogem da chuva, para não se molharem, ou abrigam-se para não lhes cair em cima a cana do foguete. É uma festa! Os militares exibem-se para o povo, fazem as suas poses com as G-3, as “Panhards

Mais para a Baixa, as ruas estão quase desertas. Um tanque guarda o cruzamento da rua Garrett com a rua do Carmo e a rua Nova do Almada, observado pelos velhos edifícios que outro fogo, uns bons anos mais tarde, haveria de consumir!…





5 comentários:

gloria leite disse...

Olá. Pois é a esperança morreu à nascença. Tb eu não fui à cama nessa noite. De manhã ainda tinha o sorriso aberto. A 1 de Maio, já torcia o nariz e depois foi outra guerra...nas escolas e por aí adiante, mas desde que estoirem foguetes o povo dança e a música é ópio. A partir daí,só mudaram as moscas e ainda não encheram todas.Há ou não bananas do Minho ao Algarve? E os macacos, quem são?
um abraço MG

Anónimo disse...

Oi àlvaro como sempre estás sempre a nos dar uma aula de história, eu passei por problemas parecido aqui no Brasil, ai meu pai como bom português levou-me prai, onde morei por dois anos em Canas do Senhorio - Beira Alta, a única coisa que ri foi que você colocou uma canon no pescoço e saiu a resgistrar, não podia ter sido uma pentax ou uma nikon., rs......, mas o importante é o que fizeste, registrou o momento. legal continue assim com grandes textos.

nelinha disse...

Não estive presente, encontrava-me na Suécia...Mas tenho a certeza que há duas coisas muito importantes, fazem parte na nossa vida...Aspirações e ilusões...Nunca devemos deixar de lutar pelas nossas aspirações e nunca perder a ilusão ,pois foram essas as nossas aspirações, se um dia as perder estaremos perdidos e todas as nossas aspirações morrerão com os anos....Fazer lembrar....lembrar e relembrar ...Eu quero acreditar em dias melhores....Vamos lutar....Nela Andrade

Anónimo disse...

Temos liberdade! Se tivesses vivido na clandestinidade e humilhada pela PIDE, não falavas assim.

Álvaro disse...

Parece haver aqui alguém que continua na clandestinidade, porque atira a opinião e esconde a cara, que fica "Anónimo"...