domingo, abril 29, 2018

----- VIVA O I DE MAIO, SEMPRE! ------



Estive na última grande manifestação convocada pela internet, em 2011. No Largo do Regedor, tirei algumas fotografias e não pude deixar de recordar outras manifestações de antes de 1974, em particular o Iº de Maio de 1961…





Fez 57 anos em 1 de Maio de 2011, que o camião da tinta azul entra no Rossio vindo daqui... Eu estava lá!!!! 

Estavam proibidas manifestações. O Iº de Maio é o dia do Trabalhador e o pessoal concentrava-se no Rossio. Nos 1º de Maio e nos fins de ano havia sempre batatada com a polícia de choque e com a Guarda Republicana a cavalo. 




Desde miúdo que acompanhava o meu pai nessas andanças. Acima, um desenho que fiz, na altura, ilustrando uma manifestação a que assisti, com 12 ou 13 anos.


Mas naquele ano, a PSP utilizou o carro com tinta azul, as pessoas ficavam com a roupa marcada...! 

Era a primeira vez que a polícia utilizava um carro anti-motim, coisa nunca vista nos anteriores primeiros de Maio, onde apenas usavam mangueiras com agulheta e os cavalos da GNR.

O carro anti-motim veio dos Restauradores, pelo Largo do Regedor e entra no Rossio a esguichar. O pessoal que enchia o passeio do lado do Nicola foi surpreendido pelo jacto de tinta azul... 

Eu estava ao pé da Tendinha do Rossio e vi o povo no passeio do Nicola a recuar em pânico para dentro das lojas, num movimento de onda depois de rebentar na praia...! Ouvia-se o tilintar dos vidros partidos…

Fugi pela rua dos Sapateiros, mas pela primeira vez, a polícia tinha um plano organizado para aquele dia: Desimpedido o Rossio, eles disparavam nas ruas para onde as pessoas se retiraram, obrigando o pessoal e refugiar-se nas entradas dos prédios. Então, brigadas da polícia expulsavam as pessoas das entradas, à coronhada…





Agora, o pessoal recorre à internet para marcar manifestações e elas decorrem pacificamente, como se fosse um festival. A repressão actual apurou-se, as forças que defendem o Capital têm meios muito mais eficazes para impedir que essas manifestações causem qualquer dano ao Poder. Fervem o pessoal lentamente em banho-maria, até fica confortável e assim nos vão cozendo no caldeirão do roubo e exploração.

Agora, cada vez mais o pessoal fica em casa, grandes manifestações como essa última rareiam. 

Há quem censure o povo pela sua cada vez, maior, passividade. Os que criticam também são povo, serão inteligentes e valentes, mas censuram os outros pela sua passividade. Chegam a dizer que “são uma carneirada, umas bestas estúpidas”…




Mas eu tenho uma explicação para essa “estupidez”. Eu digo que essa passividade é até um sinal da inteligência do nosso povo: Consciente ou inconscientemente, as pessoas começam a perceber que somos controlados por bandidos organizados e armados ao serviço do grande capital financeiro nacional e internacional. E para confrontar esse poder ainda há muito que fazer!

A democracia não se ganha de mão beijada. Talvez essa seja a melhor lição que os portugueses podem tirar do “25 de Abril”…





 “As fotos do amigo Álvaro estão espectaculares, é de artista”, comentou um amigo…

Aqui, o maior artista foi e será o Povo, embora não o saiba... Ainda!

1 comentário:

Anónimo disse...

Grata pelas tuas narrativas tão bem ilustradas com magnificas fotos. Pões arte em tudo o que fazes, meu querido arquitecto.