sábado, junho 11, 2011

------ REFLEXÕES SOBRE A DEGRADAÇÃO ------

      ...E Sobre A Coerência Das Coisas…


Passeando no 10 de Junho deste ano entre o Terreiro do Paço e o Campo das Cebolas, reparo na degradação da fachada lateral do Ministério das Finanças. A pintura exterior estala, talvez resultado das infiltrações de água na parede.
Afinal, em tempos de fim do mundo como os que atravessamos, até as coisas nos mostram a verdade que os homens escondem. O ministério mais rico de Portugal não consegue lavar a cara da sua sede no dia de Portugal? Enfim, é a coerência das coisas…


Mas, atentando mais, verifico, com espanto que a coerência das coisas é muito mais profunda que isso: Reparem na camada de tinta subjacente: A rapaziada com menos de 40 anos não se pode lembrar, mas eu sei bem de que cor estava pintado este conjunto monumental da praça mais bela do Mundo: O verde-claro! Sim, o que aparece por debaixo do amarelo!
Logo a seguir ao 25 de Abril, os pseudo-revolucionários da altura acharam por bem alterar a cor, claro, para o vermelho – não o vermelho puro, que poderia cheirar a comunismo, mas um rosado, dando assim uns laivos de socialismo (vemos agora que tipo de socialismo ia sair dali…).
Embora eu fosse contra os regime de Salazar, nunca achei que mudando a pintura se alcançava o socialismo, e a cor verde-claro até harmonizava bem com a maresia do Tejo. Ficava lindo!
Mais tarde, o rosa foi-se esbatendo e aplicou-se então um amarelo veneziano que também é agradável.


Mas a coerência das coisas é fantástica! Aliás, como diz a sabedoria dos operários: O material tem sempre razão!
E eis que o amarelo se descasca, do rosa, nem vestígios, e ressurge o verde Salazarista (ou Cavaquista?) na fachada do Ministério!

3 comentários:

Isabel Soares disse...

Quem sou eu para discutir com um entendido a cor que deve ter a fachada de um edifício?! Também acho que as cores são de todos e de ninguém; ensinaram-me que resultavam da rarefacção da luz, sendo o preto a ausência de cor e o branco a mistura de todas elas.
Depois gosto de todas as cores: Verde, amarelo e laranja (transmitem-me energia), azul (calma), vermelho e rosa(alegria, branco (paz).
Do que eu não gosto é de desleixo. Isso sim é criticável; o desleixo a que chegou o algum património.
Acabei de chegar de uma caminhada por Ourém e venho fascinada. Por isso escrevi "algum" património.
Mesmo não conhecendo os teus gostos, desafio-te a visitares a zona histórica de Ourém e verás como a visão larga de um homem, que outros souberam preservar, ainda se faz sentir tantos séculos depois.

Zen disse...

Bravo! Adorei a retrospectiva e a analogia. Abraço.

marlene de angelo disse...

B Tarde! Daqui, ao que me parece, o que me chama mais atenção neste edificio, não é sua cor, mas sim suas linhas arquitetonicas. Coisa engraçada! Esta janela focada de perto, me lembrou algo de prisão, de coisa fechada, talvez o que mais precisasse neste momento seria a reconstrução da alegria mais que a seriedade. Beijos, Marlene/Brasil